Sebastião Salgado propõe criação de fundo de investimento para salvar o Rio Doce

Fotógrafo mineiro Sebastião Salgado se reúne com Dilma Rousseff para discutir criação de fundo de investimento

Quase duas semanas após o desastre que resultou na contaminação e morte do Rio Doce, o fotógrafo Sebastião Salgado revelou, em entrevista ao jornal A Gazeta, os esforços na luta pela recuperação da bacia hidrográfica. Na última sexta-feira, o artista mineiro se reuniu com a presidente Dilma Rouseff, em Brasília, onde apresentou um grande projeto de recuperação das nascentes.

Com um custo de recuperação avaliado em cerca de R$ 3 bilhões, a proposta visa a criação de um fundo – endowment (patrimônio perpétuo) – que receberá das empresas responsáveis pelo desastre – a mineradora Samarco (controlada pela Vale e pela BHP)) -investimentos para a recuperação. Com o dinheiro investido, o projeto visa impedir que o rio receba mais detritos e resíduos, além de promover a criação de um filtro que impeça novas contaminações. Salgado também ressaltou a importância da agricultura sustentável na região.

Ainda durante a entrevista, o fotógrafo afirmou que apesar do desastre, a morte dos mananciais do vale já acontece há décadas, como resultado da falta de políticas de preservação da região.

“O que está acontecendo agora, com o rio, é o que acontece com um corpo que levou uma punhalada. A mancha que vem descendo e cobrindo o fundo do rio está esterilizando toda sua vida biológica. Os ovos dos peixes estão sendo soterrados. Não vão nascer mais tartarugas, rãs, sapos e todas as plantas aquáticas vão deixar de existir. Por onde passa, essa lama esteriliza tudo. É o maior acidente ecológico que já aconteceu nesse rio. Talvez o maior do Brasil. Confira a entrevista na íntegra no site do jornal A Gazeta.

Mineradoras doaram R$ 6,6 milhões a deputados que avaliam efeitos da tragédia
Segundo apuração feita pelo jornal O Estado de S. Paulo no banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral, 28 dos 36 deputados, ligados a três comissões sobre mineração, receberam doações do setor em 2014. À época, empresas do setor doaram R$ 6,6 milhões às campanhas de deputados federais envolvidos no novo Código de Mineração e aos parlamentares da comissão externa da Câmara, que hoje tem a responsabilidade de avaliar os efeitos do rompimento das barragens.