Baccarelli 20 anos: Mariandeceia Silva, música com amor
Em comemoração aos 20 anos do Instituto Baccarelli, organização sem fins lucrativos, o Quem Inova mostra a história 20 alunos e ex-alunos. A personagem de hoje é Mariandeceia dos Santos Silva, 22 anos, que além de violinista da Sinfônica Heliópolis, orienta alunos de 7 a 10 anos do instituto.
Mariandeceia chegou a Heliópolis com um ano de idade. Veio com a família de Garanhuns, na região agreste de Pernambuco. “Foi aqui que eu cresci, é a minha casa, minha comunidade. E foi onde eu conheci a música também”.
Ela estava com 8 anos. E até aos 15 cantou no coral do Instituto Baccarelli, ao lado dos três irmãos. São dois mais velhos, ela explica, e uma mais nova. Aos 11, passou a estudar também um instrumento. Qual ela queria? “O saxofone, porque era o que a Lisa dos Simpsons tocava”, lembra, divertindo-se. Acabou no violino. “Mas eu gostei, na verdade, porque o som era muito legal e a turma também”.
Com 14 anos, ela passou a integrar a Orquestra Juvenil Heliópolis. Ela se lembra da emoção do primeiro dia em que se juntou ao grupo? “Nossa, foram várias. Antes do ensaio, era um nervosismo muito grande, uma ansiedade. Mas logo que o ensaio começou, sumiu tudo. De repente, estava todo mundo tocando junto e o som que era produzido era diferente de tudo que eu já tinha ouvido. E eu fazia parte daquilo”.
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Quatro anos mais tarde, entrou para a Sinfônica Heliópolis. A rotina de ensaios era mais exigente, o repertório também, a relação com o maestro, ‘tudo’. Hoje com 22 anos, ela define este momento como central em sua trajetória. “Essa passagem para a sinfônica foi muito significativa, pois foi um reconhecimento pelo estudo. E até mesmo na comunidade as pessoas começam a te ver de um jeito diferente. Foi nessa hora que entendi que iria ser uma musicista. Porque por mais que você goste, você olha à sua volta, o entorno, e vê que seus colegas de escola estão começando a procurar emprego, estão tentando se virar na vida. Mas estar na orquestra foi um sinal de que eu estava trilhando um caminho legal”.
Em 2016, ela começou a orientar alunos de 7 a 10 anos, além do naipe dos segundos violinos da orquestra juvenil, seu antigo grupo. O sorriso se abre quando fala da experiência. “Eu olho para eles e fico pensando em como eu posso ajudar para mudar para melhor a vida dessa criança. É especial poder fazer a diferença na vida de alguém. Como aconteceu comigo, quero que elas saiam transformadas, não apenas com uma oportunidade de caminho profissional, mas principalmente com uma visão de mundo diferente, um olhar com relação ao outro, conscientes da necessidade de diálogo. E fazendo música com amor, sempre.”
Por João Luiz Sampaio