Botos da baía de Guanabara estão entre os mais contaminados
Os botos-cinza da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, estão entre os animais marítimos mais contaminados do mundo, informa o coordenador das atividades de mamíferos aquáticos da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), José Lailson Brito.
Desde 1992, Brito monitora os poluentes nos organismos desses animais e os principais produtos encontrados, segundo ele, são compostos de origem industrial, muitos já banidos no país.
“Garanto que se formos analisar o tecido adiposo, o sangue e a urina de boa parte dos que estão aqui e que eventualmente interagem com a baía de Guanabara, que se alimentam de pescado da baía, certamente têm os mesmos contaminantes”, disse.
- Festival de Fotografia de Paranapiacaba será realizado no Cine Lyra de 5 a 8 de setembro
- Três tipos de câncer estão associados aos ultraprocessados
- ClickBus te mostra os 10 destinos mais desejados do Brasil pra você viajar de ônibus
- Conheça o patrimônio histórico no ABC Paulista
O pesquisador lamentou a perda de mais um boto, vítima da poluição, notificada por uma colaborador do projeto de monitoramento. “O que acontece aqui está sendo reproduzido na baía de Sepetiba, não aprendemos nada. A baía de Ilha Grande vai pelo mesmo caminho”.
Presente no brasão da cidade do Rio e ícone da fauna marítima da baía, o boto-cinza é hoje um animal em extinção. De uma população de mais de 800 animais na década de 1970, com essa última morte registrada restam apenas 36.
O pesquisador também criticou a exploração sem freios do petróleo no estado. “O pré-sal elegeu a baía de Guanabara como o centro de operações. Há vários terminais, estaleiros, em virtude da indústria do petróleo, e uma pressão para aumentar as áreas de fundeio, algo completamente absurdo, como em áreas próximas às de proteção ambiental”, denunciou.
Fundador do Movimento Baía Viva, o biólogo Sérgio Ricardo também destacou os efeitos desse novo perfil da baía para os pescadores e os usuários do local. “A baía está passando por uma reindustrialização, impulsionada pelo pré-sal e, com isso, apenas 13% da superfície estão disponíveis para a atividade de pesca. Estamos determinando, por causa do pré-sal, o fim da pesca da baía. Essa é uma questão que temos que discutir”, disse. Ricardo. Ele acrescentou que estão sendo dragadas três a quatro áreas de lama do tamanho do Maracanã e que 30% desse material estão contaminados por metal pesado, segundo o Ministério Público Estadual.
Via Agência Brasil