Botos da baía de Guanabara estão entre os mais contaminados

11/08/2015 00:00 / Atualizado em 02/05/2019 19:44

Os botos-cinza da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, estão entre os animais marítimos mais contaminados do mundo, informa o coordenador das atividades de mamíferos aquáticos da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), José Lailson Brito.

Desde 1992, Brito monitora os poluentes nos organismos desses animais e os principais produtos encontrados, segundo ele, são compostos de origem industrial, muitos já banidos no país.

“Garanto que se formos analisar o tecido adiposo, o sangue e a urina de boa parte dos que estão aqui e que eventualmente interagem com a baía de Guanabara, que se alimentam de pescado da baía, certamente têm os mesmos contaminantes”, disse.

Barcos na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro
Barcos na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro

O pesquisador lamentou a perda de mais um boto, vítima da poluição, notificada por uma colaborador do projeto de monitoramento. “O que acontece aqui está sendo reproduzido na baía de Sepetiba, não aprendemos nada. A baía de Ilha Grande vai pelo mesmo caminho”.

Presente no brasão da cidade do Rio e ícone da fauna marítima da baía, o boto-cinza é hoje um animal em extinção. De uma população de mais de 800 animais na década de 1970, com essa última morte registrada restam apenas 36.

O pesquisador também criticou a exploração sem freios do petróleo no estado. “O pré-sal elegeu a baía de Guanabara como o centro de operações. Há vários terminais, estaleiros, em virtude da indústria do petróleo, e uma pressão para aumentar as áreas de fundeio, algo completamente absurdo, como em áreas próximas às de proteção ambiental”, denunciou.

Fundador do Movimento Baía Viva, o biólogo Sérgio Ricardo também destacou os efeitos desse novo perfil da baía para os pescadores e os usuários do local. “A baía está passando por uma reindustrialização, impulsionada pelo pré-sal e, com isso, apenas 13% da superfície estão disponíveis para a atividade de pesca. Estamos determinando, por causa do pré-sal, o fim da pesca da baía. Essa é uma questão que temos que discutir”, disse. Ricardo. Ele acrescentou que estão sendo dragadas três a quatro áreas de lama do tamanho do Maracanã e que 30% desse material estão contaminados por metal pesado, segundo o Ministério Público Estadual.

Via Agência Brasil