Brasileira supera preconceito e fome e soma 56 prêmios como PhD

Atuação de doutora é considerada exemplar pelo Movimento Sou Responsável, uma campanha sem partidos, candidatos ou ideologia apoiada pelo Catraca Livre e pelo Instituto SEB de Educação.

Joana D’Arc Félix de Souza, de 53 anos, venceu a fome, o preconceito e a falta de estrutura e conseguiu se tornar PhD em química pela Universidade de Harvard, dos Estados Unidos. Atualmente, ela soma 56 prêmios na carreira.

Essa história faz parte da série para o Movimento Sou Responsável, cuja meta é estimular o protagonismo dos brasileiros. Nesta eleição, o Catraca Livre e o Instituto SEB de Educação decidiram apoiar essa campanha para ajudar o brasileiro a ser parte das soluções, e não do problema.

Cientista brasileira (centro) supera preconceito e fome e soma 56 prêmios como PhD

Conforme reportagem veiculada no site UOL, ela também é professora da Etec (Escola Técnica Estadual) Prof. Carmelino Corrêa Júnior, mais conhecida como Escola Agrícola de Franca (SP), e inspira novas gerações a seguirem seu exemplo.

Nascida na própria cidade do interior de São Paulo, ela é filha de uma empregada doméstica e de um profissional de curtume. Incentivada por uma professora, ela foi convidada a ir à escola depois que a mãe havia ensinado a filha a ler. Com 14 anos, Souza já estava terminando o ensino médio.

Ela escolheu cursar química pois estava acostumada a ver profissionais da área atuando com o couro, devido ao trabalho de seu pai. “Uma professora tinha um filho que fez cursinho e pedi o material para ela. Meu pai e minha mãe não tinham estudo, mas me incentivavam. Eles tinham consciência de que eu só cresceria através de estudos”, relembra. “Passei a estudar noite e dia até entrar na Unicamp [Universidade Estadual de Campinas].”

Ela conta que sofreu muito preconceito. “Mas não usei isso como obstáculo, e sim como uma arma para subir na vida”, afirma a pesquisadora.

Durante a faculdade, passava fome e pensou em desistir, mas seguiu em frente com determinação. A situação só melhorou quando ganhou um auxílio para a iniciação científica. “Quando recebi a primeira bolsa, corri para a padaria e gastei uns R$ 50 em doces para matar a vontade.”

Ela concluiu mestrado e doutorado em Campinas –este último com apenas 24 anos– e recebeu convite para seguir os estudos em Harvard. “A questão de financiamento para pesquisa é bem mais rápida nos Estados Unidos”, conta.

Materiais da natureza

Ela voltou a morar em Franca e desenvolveu, junto com sua equipe de alunos, uma pele similar à humana a partir da derme de porcos. Isso ajudaria no abastecimento de bancos de pele especializados e de hospitais, além de baratear o custo de pesquisas, uma vez que a matéria-prima do animal é abundante e de baixo custo.

Brasileira soma 56 prêmios como PhD

O projeto, com depoimento da cientista, está exposto até outubro no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Ele integra a mostra “Inovanças – Criações à Brasileira”, que revela trabalhos inovadores de cientistas brasileiros, muitos deles desconhecidos do público.

Joana ainda comandou pesquisa que resultou na produção de um tecido ósseo feito a partir de materiais também encontrados na natureza: escamas de peixes e colágeno de curtume. Ela e o grupo apresentarão em junho seus estudos nos Estados Unidos. “As armas mais poderosas que temos para vencer na vida são a educação e o estudo”, ela conclui.

Leia a reportagem completa no UOL