ONG usa energia solar para produzir gelo em área isolada no AM

08/10/2015 00:00 / Atualizado em 07/05/2020 00:24

Há dois meses, as oito famílias que vivem na Vila Nova do Amanã, localidade do município de Maraã, na região do Médio Solimões, no Amazonas, passaram a ter acesso a um item básico para a maioria dos brasileiros, mas considerado um luxo no local. A comunidade ribeirinha recebeu três máquinas de gelo que funcionam com energia solar e estão produzindo 90 quilos por dia.

As fábricas de gelo são um pouco maiores que uma geladeira comum e funcionam com um painel de energia solar. Cada máquina custa cerca de R$ 25 mil e produz 30 quilos de gelo diariamente. A tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) em parceria com o Instituto Mamirauá, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

O projeto foi premiado no fim do ano passado pelo Desafio de Impacto Social da empresa Google no Brasil. O prêmio, de R$ 500 mil, foi usado para implantar três máquinas na Vila Nova do Amanã e uma na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, instalada para que o Instituto monitore na prática a eficiência do equipamento, que pode ser levado a outras comunidades.

A tecnologia é inovadora por não precisar de baterias, que poluem o meio ambiente e têm vida útil curta.

De acordo com diz Otacílio Soares Brito, do Instituto Mamirauá, responsável pela implantação do projeto Gelo Solar na região, a manutenção das máquinas é simples –uma vez por mês é preciso passar um pano para limpar os módulos e as máquinas de gelo–, e os aparelhos podem durar até 25 anos.

Um dos objetivos do projeto é que as fábricas de gelo ajudem a aumentar a renda das famílias. Uma das ideias é vender o gelo extra para comunidades próximas.

Brito lembra que a dificuldade para chegar à vila, que está a 100 quilômetros de Tefé e só tem acesso fluvial, faz com que as famílias não tenham essas tecnologias comuns nas grandes cidades.

Para o especialista, iniciativas como o Gelo Solar podem ser uma saída para a região amazônica, onde muitos ainda vivem na escuridão.

Por Maiana Diniz, da Agência Brasil