Estrangeiros retratam arte brasileira nos 40 anos do MAM

Uma das mais importantes exposições do calendário nacional, o Panorama da arte brasileira do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo) completa 40 anos com uma edição inusual e controversa. Intitulada Mamõyguara opá mamõ pupé, a mostra de 2009 tem curadoria de Adriano Pedrosa e uma seleção que traz cerca de 30 artistas estrangeiros.
A abertura acontece neste sábado, 3, a partir das 18h. Já no domingo, 4, começa a visitação aberta ao público  com entrada Catraca Livre (somente aos domingos).

Os artistas são estrangeiros, mas a cultura brasileira é o eixo condutor dos trabalhos. Adriano Pedrosa optou por exibir artistas de fora do país cujas obras são influenciadas pela cultura e arte brasileiras em lugar de fazer um novo recorte da produção de artistas nacionais.

A decisão de fazer um Panorama da arte brasileira sem artistas locais não é arbitrária. Na última década, o Brasil passou a ocupar internacionalmente um lugar de referência em diversas áreas de criação, seja arte, seja arquitetura, realizadas principalmente a partir dos anos 50, como o modernismo de Oscar Niemeyer e o neoconcretismo de Lygia Clark, Lygia Pape e Helio Oiticica.

O nome desta edição, Mamõyguara opá mamõ pupé, reverbera sua proposta. Trata-se da versão em tupi antigo da expressão “Foreigners everywhere”, da dupla francesa Claire Fontaine (formada pela italiana Fulvia Carnevale e pelo irlandês James Thornhill, ambos vivendo em Paris). O título faz parte de uma série de trabalhos da dupla que são apresentados no formato de uma escultura em neon. A tradução para o português, “Estrangeiros em todo lugar”, também será exposta no Panorama. A referência da expressão original, por sua vez, é o nome de um grupo anarquista italiano que combate o racismo. A versão em tupi, feita pelo Professor Eduardo Navarro, especialista em Tupi da USP, mantém o duplo sentido de que há estrangeiros por todos os lados e de que não importa onde vão, os artistas são estrangeiros.

Há duas categorias entre os artistas selecionados. A primeira e mais numerosa (cerca de 20 nomes) é de artistas que já possuem uma trajetória reconhecidamente influenciada por aspectos da cultura brasileira.

Já a iniciativa das residências do Panorama têm por objetivo possibilitar a jovens artistas com interesse pela cultura e a arte brasileiras uma imersão de até oito semanas em São Paulo para apreender esses aspectos de forma mais orgânica, o que pode servir de influência em sua trajetória futura.

Por Redação