Bienal recebe escritora iraniana para debate sobre a figura da mulher no país

Por: Redação

Neste sábado, 14, o Salão de Ideias recebe o debate “Mulheres entre Aiatolás”. Com a participação da escritora iraniana Azar Nafisi de “Lendo Lolita em Teerã”, Azar conversará com as escritoras brasileiras Márcia Camargos e Adriana Carranca sobre a condição feminina após a revolução iraniana.

O livro “Lendo Lolita em Teerã” ficou conhecido no mundo todo por contar a história do sonho de Nafisi e do pesadelo que, anos depois, tornou-se realidade.

Durante dois anos, antes de deixar o Irã, em 1997, Nafisi reuniu sete jovens mulheres em sua casa, todas as manhãs de quinta-feira, para ler e discutir obras proibidas da literatura ocidental. Todas eram suas antigas alunas da universidade.

No início, todas se sentiam tímidas e desconfortáveis, desacostumadas com o fato de expressarem seus pontos-de-vista, mas com o passar dos dias começaram a se abrir e a falar mais naturalmente, não apenas sobre os romances que liam, mas também sobre suas vidas pessoais, seus sonhos e seus desapontamentos. Suas histórias pessoais coincidiam com aquelas que liam – Crime e castigo, Madame Bovary e Lolita – a Lolita delas, do modo como a imaginavam em Teerã.

divulgação
Capa do livro "Lendo Lolita em Teerã"

A narrativa de Nafisi remonta aos primeiros dias da revolução, quando ela começou a lecionar na Universidade de Teerã, em meio a um turbilhão de protestos e manifestações. Naqueles dias frenéticos, os estudantes tomaram o controle da universidade, expulsaram membros do corpo docente e revogaram o currículo dos cursos. Em um dos episódios, quando um radical islâmico na classe de Nafisi a questionou sua decisão de ensinar O grande Gatsby, considerada por ele uma obra imoral e que pregava falsidades do ‘Grande Satã’, a professora decidiu, em uma atitude inesperada, organizar o julgamento de Gatsby.

Na encenação, seu aluno seria o promotor e ela a única testemunha. Esta história é um retrato fascinante do Irã na época mais acirrada do sangrento conflito com o vizinho Iraque. A partir do sutil olhar feminino, aprendemos como era a vida e a luta das mulheres no Irã revolucionário.

Por Redação