Mostras de cinema, exposição e seminário celebram Vladimir Herzog

"Memória e Transformação" acontece na Cinemateca Brasileira, no Cinesesc e no Itaú Cultural

31/05/2012 16:12 / Atualizado em 05/05/2020 16:29

divulgaçãoSímbolo da resistência à ditadura militar, Herzog tem seu legado celebrado
Símbolo da resistência à ditadura militar, Herzog tem seu legado celebrado

Houve tempo em que pensar era crime, no Brasil. Houve tempo em que a informação, aquela que não condizia com a “verdade” imposta pelos donos do poder – os militares -, era considerada subversão. Tempos em que os porões de delegacias especiais abrigavam presos políticos, pessoas que “perturbariam” a ordem social. Foi em um destes porões que foi torturado, até a morte, o jornalista Vladimir Herzog.

Celebrando sua história e os 75 anos do nascimento de Herzog, o Instituto, com apoio do Ministério da Cultura, promove a Mostra de Cinema “Memória e Transformação: o documentário político na América Latina ontem e hoje”, em cartaz de 19 de junho a 8 de julho, na Cinemateca Brasileira, e de 29 de junho a 5 de julho, no Cinesesc.

Detalhes da programação:

Destaques da programação da mostra de cinema

Marimbás (Brasil, 1963, 12′, dir.: Vladmir Herzog)
Primeiro e único filme dirigido por Vladimir Herzog, Marimbás foi um dos primeiros documentários nacionais feitos com som direto. O filme é fruto de um curso de novas técnicas de documentário, ministrado no Rio de Janeiro pelo documentarista sueco Arne Suksdorff. A trama apresenta a realidade social dos marimbás, um grupo que sobrevivia da pesca no Posto 6, em Copacabana.

Vlado – 30 anos depois (Brasil, 2005, 90′, dir.: João Batista de Andrade)
No dia 25 de outubro de 1975, o jornalista Wladimir Herzog foi assassinado pelas forças da repressão nos porões da ditadura militar.Valendo-se de depoimentos de amigos, familiares e colegas do jornalista, o filme revela as ideias políticas, a militância e o senso de ética do jornalista, traçando sua trajetória desde a infância na Iugoslávia até sua posse como diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo. Confira abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=aZRuP2LmIBM

Montoneros, uma historia (Monteneros, una historia, Argentina, 1995, 90′, dir.: Andrés Di Tella)
Ana, ex-participante dos Montoneros, grupo de guerrilha urbana argentina, apresenta no filme suas ações durante os anos da sangrenta ditadura militar argentina. Confira abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=5UZcNpMbXQo

Curso de cinema, com Patrício Guzman

De 4 a 7 de julho, no
Curso de cinema, com Patrício Guzman

O cineasta chileno Patrício Guzman irá ministrar um curso gratuito se cinema entre os dias 4 a 7 de julho. No encerramento do evento, no dia 8 de julho, haverá uma aula magna com o cineasta, precedido pela exibição do filme “Nostalgia da Luz”, dirigido por Guzman. As vagas são limitadas (60 pessoas), e as inscrições podem ser feitas no site do Instituto Wladimir Herzog.

Dias 29 e 30 de junho, às 21h, no Auditório do Ibirapuera
Dia 1º de julho, no Auditório do Ibirapuera
Cantata “O diário de Anne Frank”

A produção musical será apresentada pela primeira vez na América Latina na semana que marca o aniversário de nascimento de Herzog. Será a primeira vez na história que a obra, de autoria de Leopoldo Gamberini e Otto Frank será apresentada em versão integral, com cerca de 180 pessoas no palco (110 cantores do Coro Luther King, a Orquestra Sinfônica de Campinas, o soprano Olga Sober – da Bósnia -, a celista Yuriko Mikami – do Japão -, a atriz e bailarina Clarisse Abujamra, Naum Alves de Souza, entre outros). A peça será regida pelo maestro Martinho Lutero Galati, que recebeu todo o direcionamento para a execução da cantata diretamente de seu autor.

Exposição de Cartazes sobre a Anistia

De 31 de maio a 8 de julho, na Cinemateca
Exposição de Cartazes sobre a Anistia

O Instituto Vladimir Herzog apresenta a exposição com 96 cartazes políticos, fruto da pesquisa que integra o projeto “Resistir é preciso”, que apresenta a luta da imprensa alternativa contra a ditadura militar, que assolou o Brasil entre os anos de 1964 e 1985.

A curadoria é do jornalista Vladimir Sacchetta, que coordenou o trabalho dos pesquisadores Juliana Sartori e Luis Alberto Zimbarg, e consultoria de José Luiz Del Roio. Os cartazes foram selecionadas principalmente no acervo do CEDEM – Centro de Documentação e Memória da UNESP, que abriga o acervo do Arquivo Histórico do Movimento Operário Brasileiro (ASMOB), retirado do país e levado a Milão clandestinamente e que, desde 1994, estão de volta ao Brasil.

Outras peças, nunca expostas, foram recuperadas do Arquivo Público do Estado de São Paulo, no CEDIC – Centro de Documentação e Pesquisa Científica da PUC-SP, e no CPV – Centro Pastoral Vergueiro.

Dia 28 de junho, às 20h, no Itaú Cultural
Seminário “Direito à verdade e à memória

Com a presença de Maria do Rosário (da Secretaria de Direitos Humanos da República Federativa do Brasil), Amérigo Incalterra (representante regional do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos para a América do Sul), Tito Milgram (curador do Museu Yad Vashem, em Jerusalém), Dr. Marco Antonio Rodrigues Barbosa (presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos) e Sérgio Adorno (diretor do Núcleo de Estudos da Violência da USP).

Nesse encontro, serão compartilhadas as experiências de países latino-americanos no resgate da memória e justiça aos autores de violências cometidas durante os governos militares, entre outras questões.