40 anos da Aids no mundo: estigma, ativismo e evolução científica

Mais de 4 décadas depois dos primeiros casos, ainda há muito a ser feito para acabar com a epidemia e o preconceito

25/11/2021 14:41 / Atualizado em 26/11/2021 15:18

Em 5 de junho de 1981, um relatório do Centro para Controle de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, documentava pela primeira vez uma infecção pulmonar incomum conhecida como pneumonia por Pneumocystis carinii (PCP). Cinco jovens homossexuais apresentavam o quadro, sendo que dois deles acabaram morrendo. Era o início da Aids no mundo, embora o termo só aparecesse depois.

A nova síndrome foi relacionada ao sangue e passou a ser identificada, inicialmente, como uma doença de homossexuais.

Nos anos seguintes, no entanto, a infecção se espalhou entre mulheres, homens heteros, usuários de drogas, hemofílicos, pessoas que recebiam transfusão de sangue e bebês. É a partir daí que a infecção passa a ser classificada como epidemia.

De lá para cá, 34,7 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à Aids em todo o mundo, de acordo com levantamento da UNAIDS.

40 anos da Aids no mundo
40 anos da Aids no mundo - klebercordeiro/istock

Avanços da ciência 

Nos anos 80 e 90, o diagnóstico da doença era quase uma sentença de morte, mas com o passar dos anos e com a evolução da ciência, surgiram tratamentos que hoje proporcionam para a pessoa que vive com o vírus uma expectativa de vida semelhante a de uma sem o HIV.

Atualmente, é possível ter o HIV, sem no entanto desenvolver a Aids. Isso significa que com o tratamento com medicamentos antirretrovirais, a carga viral fica tão baixa que é indetectável. Além da melhora na qualidade de vida, essa condição impede a transmissão sexual do HIV.

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Webinário “40 anos de Aids no mundo: o que fizemos, o que falta fazer?”

Nessas 4 décadas da doença, o ativismo em diferentes países foi o que ajudou a ampliar a defesa dos direitos das pessoas vivendo com HIV/Aids e na estruturação das mais variadas políticas públicas, como a distribuição gratuita de preservativos e tratamento pela rede pública.

Além disso, a união de grupos de pessoas que vivem com HIV tem ajudado a quebrar o estigma, estabelecer interlocuções que no passado eram inexistentes e dar visibilidade a uma luta tão necessária.

Ainda há muito o que se fazer para ampliar a prevenção e pôr fim ao preconceito e à discriminação. Debater o assunto é umas armas mais poderosas.

É por isso que no Dia Mundial de Combate a Aids, 1º de dezembro, a Agência Aids reúne especialistas para discutir essas quatro décadas de enfrentamento da pandemia da Aids, no Brasil e no mundo.

“Considero muito importante promovermos a reflexão de profissionais e ativistas, um time de primeira linha, sobre os 40 anos da pandemia no Brasil e no mundo. Construímos sim muitos avanços, mas seguimos tendo complexos e presentes desafios”, diz Roseli Tardelli, fundadora da Agência e curadora do webinário.

Confira a programação do webinário:

9h30: Surgimento do HIV, os primeiros 10 anos…infectar-se com HIV: uma sentença de morte! Com Dra. Rosana Del Bianco (Médica infectologista do Emílio Ribas desde 1984 época do primeiro caso internado com Aids); Dra. Marinella Dela Negra (supervisora de equipe técnica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas); e Dra. Glória Brunetti (Médica infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas).

Mediação:  Américo Nunes Neto – fundador do Instituto Vida Nova, coordenador do Movimento Paulistano de Luta contra a Aids (Mopaids) e ex-presidente do Fórum das ONG/AIDS do Estado de São Paulo.

11h30 – Entrada dos antirretrovirais no cenário Global:  o desafio da adesão tema presente nos 40 anos.  Com Dra. Maria Clara Gianna (CRT Aids de SP); Veriano Terto (ABIA)

Mediação: Fabi Mesquita – monitora em incidência internacional da Rede Mundial de Pessoas Vivendo com HIV e representative of Peace Women Partners International Council of Leaders – representando Brazil e Myanmar.

14h30 – Ativismo no Brasil fundamental na construção da resposta brasileira. Com a participação de Rodrigo Pinheiro (Fórum Ongs Aids de SP); Javier Angonoa  (consultor independente com trabalhos para Unaids/Unicef, GAPA Bahia); e Alessandra Nilo (Gestos Pernambuco).

Mediação: Marina Vergueiro – autora do livro “Exposta”, que dá voz às mulheres gordas e/ou que vivem com HIV e são sexualmente ativas.

16h30: Da Camisinha a PrEP: Novas tecnologias de prevenção e o estigma que persiste. Com: Drew Persí (Youtuber, coautor do Som das Décadas); Carué Contreiras (médico e ativista); e Dra. Adele Benzaken (membro do comitê de certificação da eliminação da sífilis e do HIV da OPAS-Organização Pan-Americana de Saúde e vice-presidente do comitê de especialistas da OMS).

Mediação: Juny Kraiczyk – diretora geral da ECOS e pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos e Saúde LGBT da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

O webinário “40 anos de Aids no mundo: o que fizemos, o que falta fazer? será apresentado pelo Youtube da Agência Aids – https://www.youtube.com/c/AgenciaAids