7 tipos de máscaras sociais que autistas usam para se sentirem aceitos

A prática visa ocultar os traços e comportamentos autistas para se adaptar às normas sociais

03/11/2024 11:32

O transtorno do espectro autista (TEA) tem muitas nuances ainda pouco conhecidas. O mascaramento ou uso de máscaras sociais é uma delas. O termo no autismo refere-se a uma estratégia adotada por algumas pessoas para esconder ou suprimir comportamentos e traços autistas, tentando se adaptar às expectativas sociais.

É como um mecanismo de sobrevivência em um mundo que oprime aqueles que são diferentes da maioria. 

Em outras palavras, é fingir ser quem você não é para ser aceito, evitar olhares tortos e julgamentos. 

Essa estratégia é comum, especialmente em interações sociais, e pode envolver imitar expressões faciais, suprimir movimentos repetitivos ou até forçar contato visual.

De acordo com pesquisas, o mascaramento é mais prevalente em mulheres autistas, mas pode ocorrer em qualquer gênero.

O autista pode usar máscaras sociais para disfarçar o próprio comportamento e atender às expectativas da sociedade
O autista pode usar máscaras sociais para disfarçar o próprio comportamento e atender às expectativas da sociedade - AndrewLozovyi/DepositPhotos

Esse processo geralmente é iniciado na infância ou adolescência, período em que a pressão social e o desejo de aceitação aumentam. Muitos autistas observam as interações sociais para imitar e responder de forma “apropriada” na visão da sociedade neurotípica. 

Exemplos de mascaramento social no autismo

A National Autistic Society, do Reino Unido, descreve alguns exemplos de mascaramento social comuns entre os autistas:

  1. usar expressões faciais, talvez imitando as de outras pessoas, que não seriam naturais para si;
  2. forçar-se a fazer contato visual ou monitorar quanto contato visual se está fazendo;
  3. mudar a fala ou o tom de voz, por exemplo, usando uma frase menos direta ou sendo mais ou menos animado;
  4. suprimir, reduzir ou ocultar estímulos (como bater palmas ou repetição de palavras ou sons) ou mudar para estímulos menos perceptíveis, como brincar com uma caneta;
  5. reduzindo reações visíveis às sensibilidades sensoriais (por exemplo, ser muito sensível ao toque, mas disfarçar alguém aperta sua mão ou o abraça);
  6. planejar com antecedência o que quer dizer a alguém (conhecido como “script”);
  7. não compartilhar interesses devido à preocupação de que eles possam ser percebidos como inapropriados ou incomuns (por exemplo, devido à idade da pessoa).

Por que pessoas autistas usam máscaras?

  • ser aceito na sociedade;
  • para evitar preconceito, estigma, intimidação e discriminação;
  • misturar-se ou “passar” em um mundo neurotípico;
  • para atender às expectativas sociais e evitar a rejeição social;
  • esconder o desconforto em ambientes que não são favoráveis ​​ao autismo (por exemplo, porque não querem causar confusão ou incomodar os outros, ou porque podem não ser acreditados e/ou esperar que lhes digam que estão sendo dramáticos ou exagerados);
  • para compensar as diferenças sociais e de comunicação entre pessoas autistas e não autistas, especialmente quando os estilos e preferências de comunicação não autistas são considerados a maneira “correta”;
  • para lidar com a escola e evitar atenção negativa ou punição (por exemplo, por se movimentar ou fazer movimentos repetitivos);
  • para melhorar as oportunidades de emprego e manter os empregos;
  • fazer e manter amizades e relacionamentos;
  • porque se tornou rotina ou subconsciente.

Quais as consequências do mascaramento?

Embora ajude a evitar estigmatização, o mascaramento pode ser exaustivo e gerar estresse e ansiedade, uma vez que a pessoa constantemente se esforça para seguir regras sociais que não são naturais para ela.

Além disso, o uso de máscaras sociais pode atrasar o diagnóstico, pois os sinais autistas são menos aparentes, o que pode retardar o apoio necessário.