A condição de saúde mental que aumenta o risco de morte prematura
Pesquisa mostra que pessoas com transtorno bipolar têm até seis vezes mais risco de morte prematura, mais do que envelhecer ou fumar
Pessoas diagnosticadas com transtorno bipolar têm de quatro a seis vezes mais probabilidade de morrer precocemente do que aquelas sem a doença, segundo um estudo liderado pela Universidade de Michigan.
A pesquisa analisou dados de um grande estudo de longo prazo e registros médicos anônimos, revelando um dado alarmante: o impacto da bipolaridade na expectativa de vida supera até riscos associados ao envelhecimento ou ao tabagismo.
Para efeito de comparação, o risco de morte de alguém com mais de 60 anos foi 2,3 vezes maior, e o de pessoas com histórico de tabagismo foi 2,5 vezes maior. Já quem convive com o transtorno bipolar enfrenta um risco até seis vezes maior de mortalidade precoce.
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O que é transtorno bipolar?
O transtorno bipolar é uma condição de saúde mental caracterizada por oscilações intensas de humor, energia e níveis de atividade. Os episódios são divididos entre:
- Fase maníaca ou hipomaníaca: marcada por euforia, impulsividade, agitação e comportamentos de risco.
- Fase depressiva: dominada por tristeza profunda, desânimo, isolamento, perda de interesse e, muitas vezes, pensamentos suicidas.
Essas oscilações podem ter consequências graves tanto no bem-estar mental quanto na saúde física, impactando diretamente a longevidade.
Por que o risco de morte é tão alto?
O estudo revelou que a bipolaridade encurta a vida não apenas pelos riscos diretos associados ao suicídio, mas também por aumentar a vulnerabilidade a outros problemas de saúde.
Durante episódios maníacos, há maior risco de acidentes, comportamentos imprudentes e lesões. Já na fase depressiva, negligência com a própria saúde, má alimentação, sedentarismo, abuso de substâncias e risco elevado de suicídio são fatores que contribuem para o aumento da mortalidade.
Além disso, o transtorno bipolar está associado a uma maior incidência de doenças cardiovasculares, metabólicas e hepáticas, que acabam figurando como causas oficiais de morte, mascarando o papel da doença psiquiátrica.
Uma lacuna preocupante na saúde pública
O relatório do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) de 2021 não listava nenhuma doença mental entre as principais causas de morte, justamente porque essas condições aparecem indiretamente — como quando um infarto ou um AVC ocorre, mas tem como origem um quadro de negligência crônica com a saúde causada por episódios depressivos, ou acidentes provocados pela impulsividade da fase maníaca.
Como explica Anastasia Yocum, autora do estudo: “O transtorno bipolar nunca será listado na certidão de óbito como a principal causa de morte, mas pode ser um fator imediato ou secundário que contribui diretamente para ela.”
O estudo reforça a necessidade de que pessoas com transtorno bipolar recebam acompanhamento médico e psicológico contínuo, além de monitoramento dos fatores de risco físicos e emocionais. O controle adequado dos sintomas, combinado com um estilo de vida saudável, pode reduzir significativamente esses riscos e ajudar a preservar a qualidade e a expectativa de vida.