Afinal, qual a ligação entre exposição ao plástico e autismo?
Embora a ciência ainda esteja aprofundando as investigações, as evidências sugerem que há ligação entre autismo e plástico
Nos últimos anos, a preocupação com os impactos do plástico na saúde humana aumentou significativamente. Além das questões ambientais, as substâncias químicas presentes em produtos plásticos têm sido relacionadas a uma série de problemas de saúde. Entre eles, uma questão que tem gerado grande debate é a possível ligação entre a exposição a certos componentes plásticos e o autismo.
Mas afinal, qual é essa relação?
Substâncias químicas presentes no plástico: o que são os ftalatos e o bisfenol A (BPA)?
Para compreender a possível ligação entre plástico e autismo, é fundamental conhecer as substâncias químicas presentes nos plásticos. Dois dos principais componentes que têm sido foco de pesquisas são os ftalatos e o bisfenol A (BPA).
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Ftalatos: são usados para deixar os plásticos mais maleáveis e flexíveis. Eles estão presentes em uma variedade de produtos, como embalagens de alimentos, brinquedos, produtos de higiene pessoal, entre outros.
Bisfenol A (BPA): é uma substância química utilizada na fabricação de plásticos duros e transparentes, encontrados em garrafas de água, recipientes de alimentos e até no revestimento de latas de alimentos e bebidas.
Tanto os ftalatos quanto o BPA são disruptores endócrinos, o que significa que podem interferir nos hormônios do corpo, imitando ou bloqueando suas funções naturais.
Esse tipo de interferência pode ter efeitos prejudiciais no desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso, especialmente em fetos e crianças pequenas.
Estudos relacionando plástico e autismo
Diversos estudos têm investigado a relação entre a exposição a essas substâncias químicas e o desenvolvimento de transtornos do neurodesenvolvimento, incluindo o autismo.
Embora a ciência ainda não tenha chegado a um consenso definitivo, algumas pesquisas apontam para uma possível ligação.
Um estudo recente, divulgado pela revista PLOS ONE, observou que que crianças com autismo e TDAH frequentemente apresentam menor capacidade de eliminar o bisfenol A (BPA) de seus corpos pela urina, aumentando, portanto, a exposição ao composto.
Este estudo constatou que essa redução na capacidade de desintoxicação ocorre em aproximadamente 10% das crianças com autismo e em cerca de 17% daquelas com TDAH.
O estudo é da Rowan-Virtua School of Osteopathic Medicine e da Rutgers University-New Jersey Medical School, dos EUA.
Exposição aos ftalatos durante a gestação
Outro estudo analisou amostras de urina de mulheres grávidas e encontrou uma correlação entre altos níveis de ftalatos e problemas de desenvolvimento cognitivo em seus filhos.
Crianças expostas a níveis elevados de ftalatos durante a gestação apresentaram pontuações mais baixas em testes de desenvolvimento mental e comportamental, características frequentemente associadas ao espectro autista.
Como os disruptores endócrinos afetam o cérebro em desenvolvimento?
Os disruptores endócrinos, como o BPA e os ftalatos, podem afetar a função hormonal do corpo de várias maneiras. Hormônios como os estrogênios e os androgênios desempenham um papel fundamental no desenvolvimento do cérebro, especialmente durante os estágios iniciais da vida.
Essas substâncias químicas podem interferir na sinalização hormonal natural, alterando o desenvolvimento normal do cérebro e do sistema nervoso.
Essa interferência pode impactar a forma como os neurônios se conectam, levando a dificuldades em áreas como comunicação, habilidades sociais e comportamento, que são características do autismo.
Embora as pesquisas ainda estejam em andamento, esses achados sugerem que a exposição precoce a produtos químicos presentes no plástico pode ser um fator de risco para o desenvolvimento do transtorno do espectro autista.