Estudo liga antibiótico na infância a risco de problemas futuros

Medicação administrada após o nascimento pode apresentar efeitos prolongados no intestino, sugere estudo

12/09/2022 09:50

Cientistas da Universidade de Melbourne, na Austrália, descobriram que aqueles que receberam a antibiótico na infância podem estar em risco de problemas de saúde intestinal na vida adulta.

O estudo publicado no The Journal of Physiology descobriu que a exposição precoce a esse tipo de medicação em camundongos neonatos tem efeitos duradouros em sua microbiota, sistema nervoso entérico e função intestinal.

Tomar antibiótico na infância pode aumentar risco de problemas intestinais futuros
Tomar antibiótico na infância pode aumentar risco de problemas intestinais futuros - ayo888/istock

Isso pode significar que bebês que recebem antibióticos podem crescer e apresentar problemas gastrointestinais no futuro, que podem incluir síndrome do intestino irritável (SII), náusea, intoxicação alimentar, gases, inchaço e diarreia.

Os pesquisadores dizem estar muito animados com a descoberta. “Isso fornece mais evidências da importância da microbiota na saúde intestinal e pode introduzir novos alvos para avançar no tratamento com antibióticos para crianças muito pequenas”, disse o fisiologista Jaime Foong, um dos autores do estudo.

Como foi feito o estudo?

Especialistas deram aos animais uma dose oral da droga vancomicina todos os dias durante os primeiros dez dias de suas vidas.

 
  - SirWat/istock

Eles foram então criados normalmente até se tornarem adultos jovens, e seu tecido intestinal foi analisado para medir sua estrutura, função, microbiota e sistema nervoso.

Os médicos descobriram que as mudanças também dependiam do sexo dos camundongos.

As camundongos fêmeas tiveram um trânsito intestinal mais longo, refere-se a quanto tempo uma pessoa leva para digerir algo ou quanto tempo a comida leva para se mover pelo cólon.

Os médicos também descobriram que o peso do cocô dos machos era menor do que o grupo que não havia tomado os antibióticos.

Ambos os sexos tinham mais líquido no cocô, o que é um sintoma semelhante à diarreia.

Os especialistas afirmaram que, embora os camundongos sejam semelhantes aos humanos em muitos aspectos, eles têm intestinos mais imaturos e sistemas nervosos menos complexos que os dos humanos.

Portanto, de acordo com os pesquisadores, são necessários mais estudos para entender melhor o real risco de antibióticos administrados na fase neonatal desencadearem problemas intestinais futuros em humanos.