Antidepressivos comuns podem ter outro efeito surpreendente no seu cérebro

Estudo descobre que esse medicamentos podem ter efeito sobre a memória e raciocínio

01/10/2024 11:32

Testes cognitivos antes e depois do uso de um medicamento prescrito para transtornos de humor sugerem que esses antidepressivos podem melhorar nossas habilidades de raciocínio. A conclusão é de um estudo publicado na Biological Psychiatry.

Pesquisadores da Universidade de Copenhague  investigaram os efeitos de um medicamento em 90 pacientes com depressão moderada a grave.

Para isso, eles utilizaram exames cerebrais e avaliações de humor e cognição antes e depois do uso de inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS).

Após as avaliações iniciais, os participantes do estudo receberam uma dose diária de escitalopram, um ISRS.

Pesquisadores descobrem novos efeito dos antidepressivos no cérebro de pacientes
Pesquisadores descobrem novos efeito dos antidepressivos no cérebro de pacientes - blueclue/istock

Descobertas

No final do tratamento de oito semanas, 40 pacientes repetiram os exames cerebrais, seguidos por uma última rodada de testes cognitivos e de humor na 12ª semana.

Os resultados mostraram que, após o tratamento, os pacientes apresentaram uma redução de cerca de 10% nos receptores celulares aos quais o ISRS se liga, em comparação com os níveis observados antes do início da medicação.

Além disso, os pacientes tiveram melhorias em testes de memória, especialmente na capacidade de recordar palavras.

Curiosamente, os pacientes que apresentaram menor alteração no receptor de serotonina 5HT4 foram os que mostraram maior melhora na memória verbal. No entanto, as mudanças na ligação desse receptor não se associaram diretamente às melhorias no humor.

Os pesquisadores sugerem que o tratamento com ISRSs pode compensar a redução nos receptores de serotonina ao aumentar a presença de serotonina nas sinapses, o que torna os receptores restantes, como o 5-HT4, mais eficientes.

De acordo com os pesquisadores, esse estudo sugere a possibilidade de estimular esse receptor específico para tratar problemas cognitivos, independentemente de o paciente ter superado os principais sintomas da depressão.