Anvisa rejeita importação da vacina russa Sputnik V contra covid
Agência apontou para inúmeras lacunas que colocam em suspeita a segurança do imunizante
O que representava uma ponta de esperança para alguns governadores brasileiros, veio por água abaixo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rejeitou o pedido de importação da vacina russa Sputnik V, aquela que deu o que falar quando foi aprovada em seu país de origem.
Ao todo 14 governadores tinham entrado com o pedido de importação emergencial de quase 30 milhões de doses, o que representaria um grande avanço na campanha nacional de vacinação.
Foram 5 horas de debates e apresentação de relatórios na noite de ontem, 26, até que veio a decisão unânime.
A Anvisa justificou o ‘não’ alegando falta de informações suficientes para garantir a segurança, a qualidade e a eficácia do imunizante.
E não ficou só aí. A Gerência de Medicamentos viu várias falhas de segurança associadas ao desenvolvimento do imunizante.
Uma delas, a considerada mais grave, é que o adenovírus usado para carregar o material genético do coronavírus não deveria se replicar, mas consegue se reproduzir, podendo causar doenças.
E ainda teve mais… A Anvisa também levantou a questão de a equipe de técnicos ter sido barrada de visitar todos os locais de fabricação da vacina durante inspeção na Rússia. Sim! Os russos liberaram a entrada da Anvisa em apenas três dos sete pontos previstos.
Aprovada em outros países
Apesar de todas as lacunas apontadas pela Anvisa aqui no Brasil, a Sputnik foi aprovada em diversos países pelo mundo, incluindo a Argentina.
Os técnicos da Anvisa dizem que a maioria desses países não têm tradição na análise de medicamentos. Além disso, em 23 países com contrato fechado, a vacinação não começou.
De acordo com o Instituto Gamaleya de Moscou, a vacina Sputnik tem eficácia de 97,6% contra a covid-19. O estudo analisou um grupo de 3,8 milhões de pessoas que tomaram o imunizante na Rússia em diferentes datas, de 5 de dezembro até 31 de março. Os dados ainda não foram publicados em revistas científicas.
Com essa negativa da Anvisa, o Brasil segue administrando apenas duas vacinas: a Coronavac e a de Oxford/Astrazeneca. Em maio, deverá começar a aplicação de uma terceira vacina, a da Pfizer/BioNTech.