Até quando a busca por uma alimentação saudável faz bem?
A obsessão em ser saudável pode acabar despertando transtornos e prejudicar a saúde
Muito se fala do corpo e da alimentação saudável, mas pouco se fala da saúde propriamente dita. A saúde é definida pela Organização Mundial da Saúde como o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não só a ausência de afecções e enfermidades.
A partir disso pergunto, até quando é saudável ser saudável?
Vejo muitas pessoas correndo atrás do bem-estar físico e assim prejudicando o bem-estar mental e social. Fazem isso através de dietas cheias de privações, exercícios físicos que levam a exaustão, isolamento social, medicamentos, entre outros métodos nem um pouco saudáveis.
Vivemos numa era onde (infelizmente) as pessoas fazem de tudo para ter o corpo x, postar a foto y e receber uma quantidade z de likes.
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Não encontra as amigas porque está de dieta, não sai com o namorado pra jantar porque não come depois das 18h, não visita a avó porque na casa dela tem bolo… A desculpa é ‘estou tentando ser mais saudável’, e todo mundo elogia a ‘força de vontade’ de fulaninha.
O problema é que esse desespero em ser saudável tem adoecido as pessoas. Transtornos alimentares são um bom exemplo. Fora os sintomas de ansiedade e depressão que só aumentam.
Uma pesquisa realizada em 2017 com quase 1.500 ingleses revelou que 50% deles consideraram que o Facebook e o Instagram pioravam seus sintomas de ansiedade, e 7 em cada 10 entrevistados consideraram que o Instagram piorava sua autoimagem.
Claro, como se pode ter uma boa autoimagem quando você mal abriu os olhos e já foi impactada pela blogueira fitness linda e magra que correu 10km, comeu um bowl maravilhoso de abacate com goji berry digno de capa de revista, passou no cabeleireiro da moda e segue radiante antes mesmo de você ter se levantado da cama? O jeito então é tentar ser saudável como ela, comer o que ela come, malhar do jeito que ela malha, vestir o que ela veste…
O que as pessoas esquecem é que essa é a ‘profissão’ delas, que são pagas para mostrar que estão fazendo. Atenção, ‘são pagas para mostrar’, não quer dizer que estão fazendo exatamente aquilo, ou só aquilo, ou que é aquilo que realmente funciona.
Se o que você busca é mais saúde, que tal equilibrar um pouco melhor esses três pilares?
Busque sim ter uma alimentação saudável, variada e balanceada, mas não esqueça de incluir coisas gostosas, que você come por puro prazer. Procure fazer atividades físicas sempre que possível, mas permita ao seu corpo descansar quando ele estiver precisando. Encontre os amigos e familiares, no mínimo, uma vez por semana, não deixe que as loucuras da rotina te afaste das pessoas que você ama. Cuide da sua saúde mental fazendo terapia, meditação, respirando fundo 3 vezes, ou como funcionar melhor por aí… Dedique um tempo pra você, pra cuidar do seu corpo e da sua saúde de forma abrangente, ao invés de focar em uma só coisa e desbalancear todo o resto.
Um esforço extremo para manter uma alimentação saudável, não é saudável. Esforços extremos raramente são saudáveis ou sustentáveis.
Saúde é muito mais do que emagrecer, comer ‘certo’, ou ter o corpo ‘ideal’. Saúde tem muito mais a ver com equilíbrio, com o caminho do meio, do que com extremos. E lembre-se, não dá pra ter saúde, sem saúde mental.
Texto escrito por: Luiza Mattar, nutricionista do @oquehouvecomacouve.