Bebida antes e durante gravidez causa alterações no rosto da criança
Consumo de álcool mesmo em baixa quantidade pode impactar no desenvolvimento facial das crianças e em sua saúde futura, segundo estudo
A quantidade de bebida alcoólica que uma mãe bebe antes e durante a gravidez pode determinar o formato do rosto de seu filho, segundo um novo estudo feito por pesquisadores holandeses e publicado nesta quinta-feira, 16, na revista científica britânica Human Reproduction.
Segundo os autores, mulheres grávidas que tomam apenas uma taça média de vinho (175ml) ou 1 garrafa de cerveja por semana podem afetar a aparência futura de seus filhos.
Quais as possíveis alterações causadas pela bebida?
Para analisar essas mudanças, a equipe desenvolveu um algoritmo de inteligência artificial com escaneamento 3D capaz de detectar as alterações. Por meio do sistema, foi possível identificar, principalmente, alterações que incluíam ponta do nariz arrebitado e encurtado, queixo avantajado para frente e pálpebra inferior virada para dentro.
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Essa mudanças foram analisadas quando as crianças já estavam com nove e 13 anos de idade. No estudo, havia pouco mais de 3.000 imagens de crianças de nove anos e quase 2.500 imagens de participantes de 13 anos.
“Encontramos uma associação estatisticamente significativa entre a exposição pré-natal ao álcool e o formato do rosto nas crianças de nove anos. Quanto mais álcool as mães bebiam, mais mudanças havia. Entre o grupo que bebeu na gravidez, verificamos que, mesmo que as mães tenham bebido muito pouco, menos de 12 g por semana, pode-se observar a associação entre a exposição à bebida e a estética facial” destaca o cientista Xianjing Liu.
Os pesquisadores acrescentam que as novas descobertas são esclarecedoras, pois o formato do rosto de uma criança pode ser considerado um “espelho da saúde” dela, indicando de problemas de saúde a desenvolvimento.
Ao beber durante a gravidez, a criança pode ficar com transtorno do espectro alcoólico fetal. Esta é uma combinação de déficits de desenvolvimento, comprometimento neurológico e desenvolvimento facial reconhecidamente anormal.
Alterações são mais visíveis em crianças mais novas
Os pesquisadores também observaram que a associação entre o consumo de álcool e formato facial foi amenizada nas crianças mais velhas.
“É possível que, à medida que a criança envelhece e experimenta outros fatores ambientais, essas mudanças diminuam ou sejam obscurecidas pelos padrões normais de crescimento. Mas isso não significa que o efeito do álcool na saúde também desaparecerá”, disse o professor Gennady Roshchupkin, um dos autores do estudo.
“Portanto, é crucial enfatizar que não há nível seguro estabelecido de consumo de álcool durante a gravidez e que é aconselhável parar de beber álcool mesmo antes da concepção para garantir resultados de saúde ideais para a mãe e o feto em desenvolvimento”, completou.
Dessa forma, os cientistas sugerem que as mulheres que desejam engravidar em breve devem interromper o consumo de álcool vários meses antes da concepção, e parar completamente durante a gravidez para evitar efeitos adversos no bebê.