Brasil admite risco de vacinação parar e pede ajuda à China

Documento solicita intermediação de embaixador para compra de 30 milhões de doses de imunizante chinês

10/03/2021 09:39

Em meio ao agravamento da pandemia no Brasil, o Ministério da Saúde enviou uma carta ao embaixador da China na segunda-feira, 8, pedindo ajuda para ter acesso a mais vacinas contra a covid-19. O documento, ao qual a TV Globo teve acesso, cita o risco da falta de doses interromper a campanha de vacinação no país e solicita à embaixada intermediação para compra de 30 milhões de doses da farmacêutica Sinopharm.

A carta com o pedido de ajuda foi assinada pelo secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, e enviada ao embaixador Yang Wanming.

Com risco de parar vacinação, Brasil pede ajuda para a China
Com risco de parar vacinação, Brasil pede ajuda para a China - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Élcio Franco cita que a variante P.1 impactou na aceleração de casos no país e que vacinação é a principal estratégia contra o vírus.

“Nesse contexto, muito agradeceria os bons ofícios de Vossa Excelência para averiguar a possibilidade de a Sinopharm fornecer 30 milhões de doses da vacina BBIBP-CorV, em cronograma e preço a serem acordados, se possível, ainda para o primeiro semestre de 2021, com possibilidade de quantidades adicionais para o segundo semestre deste ano”, diz um trecho do documento.

A vacina em questão é a BBIBP-CorV, que possui 79,3% de eficácia e utiliza o vírus “morto” para gerar uma reposta imunológica na pessoa vacinada.

Vale lembrar que o presidente Jair Bolsonaro já teve vários embates com a China desde o início da pandemia. Em outubro do ano passado, ele chegou a dizer que não compraria vacina chinesa depois de o ministro da Saúde Eduardo Pazuello negociar aquisição de 46 milhões de doses do imunizante.

Para arranhar ainda mais a relação entre Brasil e China, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, culpou a China pela disseminação do coronavírus, o que acabou gerando uma crise diplomática.

No momento, o Brasil possui apenas doses das vacinas de Oxford/Astrazeneca e da Coronavac. Além disso, o país tem um acordo com o consórcio Covax Facilit, que é uma aliança global de fornecimento de vacinas criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém ainda não há previsão de data para o recebimento dessas doses.

O Ministério da Saúde ainda tenta negociar a compra das vacinas Pfizer/BioNTech, Sputnik, Covaxin, Janssen e Moderna.