Campanha “Amigos Oftalmologistas” alerta prevenção de doenças
Mais de 700 mil pessoas que perderam a visão no Brasil poderiam ter problema evitado. Conselho Brasileiro de Oftalmologia protocolou, junto ao Ministério da Saúde, documento propondo aumento da preocupação com atenção primária
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) vem reunindo esforços para começar a mudar um quadro preocupante na saúde pública nacional. Segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), há cerca de 1,2 milhão de cegos no país. Marca que deveria ser sensivelmente menor. Com o tratamento adequado, 60% deles poderiam ter a condição evitada ou revertida.
Curiosamente, de acordo com o último censo realizado pelo CBO, o número de oftalmologistas no Brasil é mais do que suficiente para atender a demanda nacional. Há no país um médico especializado na área para cada 11.604 pessoas, enquanto a OMS preconiza um para cada 17 mil. Além disso, o conselho ressalta que os profissionais atendem em 82,7% das Regiões de Assistência à Saúde (RAS) – critério geográfico estabelecido pelo Ministério da Saúde.
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Ainda assim, o atendimento aos pacientes do SUS é insuficiente, como explica o presidente do COB, Milton Ruiz. “As capitais e grandes centros têm um número de oftalmologistas muito superior ao considerado ideal. Contudo, por falta de uma entrada no sistema para um atendimento de complexidade primária, ampla, de qualidade e resolutiva — nossa população não tem acesso a saúde ocular plena”, ressaltou.
Para mudar esse quadro, os especialistas defendem que é preciso começar a mudar o foco de atuação. Atualmente, a atenção oftalmológica está concentrada no tratamento de doenças já instaladas, enquanto o conselho defende que através da prevenção, os resultados seriam bem melhores. “Seria muito mais efetivo, inclusive em termos financeiros, promover exames de médicos de refratometria, ações de prevenção dos agravos e de promoção da saúde. Assim que implantada, a estratégia não só vai reduzir a espera dos pacientes por consultas como irá desafogar a atenção secundária e terciária”, explica Ruiz.
Entre os pontos destacados no programa Mais Acesso à Saúde Ocular também estão o estímulo à instalação de centros oftalmológicos em áreas prioritárias para o SUS; a criação de uma tabela de remuneração diferenciada em localidades prioritárias; ações combinadas de estímulo à formação de residentes e estágios em áreas desassistidas; e a inserção de tecnologias para rastrear as principais causas de cegueira.
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