Câncer de cabeça e pescoço: combinação de álcool e fumo é vilã
Câncer de cabeça e pescoço é tipo mais frequente entre homens
Nesta segunda-feira, Dave Mustaine, vocalista da banda de metal Megadeth, anunciou que foi diagnosticado com tumor na garganta e que precisará cancelar alguns shows em decorrência do tratamento.
“Fui diagnosticado com câncer de garganta, é claro que é algo que tem de ser encarado, mas já enfrentei problemas antes. Isso exige que cancelemos a maioria dos shows deste ano”, compartilhou Mustaine em sua conta no Instragram.
Em comunicado, o artista se mostrou otimista com as altas perspectivas de cura: “Estou trabalhando de perto com meus médicos e mapeamos um plano de tratamento que eles acham que tem uma taxa de sucesso de 90%. O tratamento já começou”, disse Mustaine.
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Câncer de cabeça e pescoço
O câncer de garganta faz parte do câncer de cabeça e pescoço, ou seja, tumores que surgem nas seguintes regiões: na cavidade oral (boca), faringe (garganta), laringe, cavidade nasal (nariz), seios da face e glândulas salivares.
A maioria dos tipos de tumores é relacionada a hábitos evitáveis, como tabagismo e consumo de álcool, ambos diretamente relacionados aos cânceres da região.
“É importante frisar que chamamos de câncer de cabeça e pescoço tumores que surgem nas seguintes regiões: na cavidade oral (boca), faringe (garganta), laringe, cavidade nasal (nariz), seios da face e glândulas salivares. Apesar de serem estruturas localizadas próximas umas das outras, são tumores com comportamentos inteiramente diferentes. Alguns são mais agressivos que outros”, esclarece a oncologista Juliana Ominelli, da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico.
“Geralmente, esse tipo de câncer afeta de duas a três vezes mais homens do que mulheres, mesmo quando relacionado ao vírus do papiloma humano (HPV), doença sexualmente transmissível. E é mais incidente em pacientes com idade entre 50 e 60 anos, podendo surgir na faixa etária mais jovem, com cerca de 30 anos”, analisa a médica.
Principais sintomas
A oncologista enfatiza alguns sinais nem sempre associados à doença e chama a atenção para o perigo da combinação de tabagismo e álcool: “Os principais sintomas vão depender da localização onde o tumor se desenvolver, podendo iniciar como um nódulo no pescoço, dor ou dificuldade de engolir, falta de ar, rouquidão persistente, sangramento, um machucado que não cicatriza na boca, na língua ou no lábio”, observa a médica.
Diagnóstico precoce ainda é crucial para a recuperação completa
É unanimidade entre especialistas que conhecer os fatores de risco do câncer de cabeça e pescoço ajuda na prevenção mais eficaz. “Devemos ficar mais atentos a pessoas que fumam e ingerem bebida alcoólica com frequência. Essa associação parece aumentar ainda mais o risco, como se um elevasse a potência do outro de surgimento do câncer.
Tabaco, ingestão de bebida alcoólica e infecção por HPV são as principais ameaças, mas não são as únicas. Há, também, a predisposição genética e tratamento prévio com radioterapia”, observa a oncologista, que evidencia: “A infecção por HPV está associada, principalmente, ao câncer que surge na boca, frequente em pacientes mais jovens. Já era sabido que o HPV estava relacionado a outros tumores, como câncer de colo uterino. Contudo, a associação dessa infecção ao câncer de cabeça e pescoço ficou mais evidente com a diminuição do tabagismo e aumento da doença em pacientes jovens. Afinal, historicamente, este tipo de câncer ocorria principalmente em homens com cerca de 60 anos”, diz dra. Juliana.
Apesar da agressividade desse tipo de tumor, a cura é um quadro real, desde que o prognóstico seja precoce: “Há cura, caso o diagnóstico seja identificado de forma prematura, com a doença pequena e localizada. O tratamento pode ser por meio de cirurgia ou radioterapia, dependendo da localização e do tamanho do tumor. A escolha do tratamento deve ser feita por uma equipe de médicos especialistas, para definir a melhor opção e minimizar sequelas”, recomenda a oncologista.