Câncer de pâncreas: condição comum pode estar associada à doença

Estudos recentes sobre o câncer de pâncreas encontraram uma relação entre a doença e diagnóstico de pedras na vesícula

Apenas cerca de 10% a 20% dos casos de câncer de pâncreas são diagnosticados em estágios iniciais – iStock/Getty Images
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Apenas cerca de 10% a 20% dos casos de câncer de pâncreas são diagnosticados em estágios iniciais – iStock/Getty Images

Estudos recentes sobre o câncer de pâncreas encontraram uma relação entre a doença e diagnóstico de pedras na vesícula. Isso porque, de acordo com especialistas, pessoas que sofrem com cálculos biliares têm uma propensão seis vezes maior a desenvolver um câncer de pâncreas agressivo.

Considerado um dos tipos de câncer mais fatal, apenas cerca de 10% a 20% dos casos desse tipo de câncer são diagnosticados em estágios iniciais, quando ainda é possível realizar uma cirurgia curativa. “Acho que o que realmente espero que as pessoas tirem disso é que os pacientes precisam de um bom acompanhamento”, disse a autora do estudo, Dra. Marianna Papageorge, pesquisadora do Boston Medical Center.

“E isso são todos os pacientes, obviamente, mas especialmente para pacientes que estão apresentando doença de cálculos biliares ou têm a vesícula biliar removida. Esses pacientes precisam ter certeza de que estão sendo acompanhados por seu médico, seu cirurgião, quem quer que seja, para que, se outro sintoma aparecer, eles possam ser tratados em tempo hábil”, destaca a especialista.

Como foi feito o estudo?

Para entender a relação entre a pedra na vesícula e o câncer, os pesquisadores reuniram informações de 18.700 pacientes com adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC) durante sete anos.

Os resultados revelaram que 4,7% das pessoas diagnosticadas com PDAC também foram diagnosticadas com cálculo biliar no ano anterior. Além disso, cerca de 1,6% desses pacientes passaram por cirurgia para remoção da vesícula biliar.

Quando comparado entre aqueles sem diagnóstico de câncer, apenas 0,8% foram diagnosticados apresentavam cálculos biliares, e somente 0,3% passaram por cirurgia de remoção da vesícula biliar. “Não fomos capazes de determinar interações causais, mas uma hipótese é que isso causa inflamação na área do pâncreas, então essa inflamação de irritação crônica que também pode levar à displasia e, finalmente, ao carcinoma”, explicou a pesquisadora Marianna Papageorge.

Apesar disso, os pesquisadores não afirmam que a presença de cálculos biliares cause câncer de pâncreas; eles apenas constataram que uma pequena porcentagem de indivíduos apresenta ambos os problemas de saúde.

O que provoca os cálculos biliares

Diversos fatores, além da predisposição genética, contribuem para a formação de pedras na vesícula. Alguns desses fatores de risco incluem:

Consumo de uma dieta rica em gorduras e carboidratos, e pobre em fibras;
Estilo de vida sedentário, que resulta em aumento do LDL (colesterol ruim) e diminuição do HDL (colesterol bom);
Presença de diabetes;
Obesidade;
Hipertensão arterial (pressão alta);
Tabagismo;
Uso prolongado de anticoncepcionais;
Aumento dos níveis de estrogênio, o que explica a maior incidência de cálculos biliares em mulheres.

Sintomas de pedra na vesícula

Muitas pessoas com cálculos biliares não apresentam sintomas por muitos anos. Porém, outras costumam sofrer com cólica biliar que se caracteriza por dor intensa no lado direito superior do abdômen e que se irradia para a parte de cima da caixa torácica ou para as costelas.

Essa dor pode vir ou não acompanhada de febre, náuseas e vômitos e costuma aparecer após as refeições, principalmente quando se ingere alimentos gordurosos.

Ao perceber esses sintomas, principalmente dor intensa do lado direito do abdômen, é recomendável se consultar com um gastroenterologista, médico especialista nos problemas do trato digestivo.

Às vezes, os cálculos biliares são detectados quando os exames de diagnóstico por imagem, como a ultrassonografia, são realizados por outros motivos.