Cerca de 90% dos casos de câncer colorretal estão ligados a dois fatores

O câncer colorretal é o terceiro tipo de tumor mais frequente no Brasil, ficando atrás apenas dos cânceres de mama e próstata. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o país deve registrar mais de 45 mil novos casos por ano até 2025. O aumento significativo da incidência, especialmente entre adultos com menos de 50 anos, preocupa especialistas e reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, abordados em campanhas como o “Março Azul-Marinho”.

Aumento dos casos em jovens

De acordo com um estudo do BMJ Oncology, os diagnósticos de câncer colorretal em pessoas abaixo dos 50 anos cresceram 79% entre 1990 e 2019, enquanto a taxa de mortalidade aumentou 28%. Nos Estados Unidos, por exemplo, jovens adultos hoje têm o dobro de chances de desenvolver câncer de cólon e quatro vezes mais probabilidade de serem diagnosticados com câncer retal, quando comparados a indivíduos nascidos em 1950.

No Brasil, o panorama é semelhante. Segundo o Dr. Samuel Aguiar, do A.C.Camargo Cancer Center, a doença é mais frequente em regiões urbanas e na população economicamente ativa entre 40 e 69 anos. “Temos visto um aumento preocupante de diagnósticos entre pacientes de 35 a 40 anos. Esse crescimento está diretamente relacionado a fatores como alimentação inadequada e sedentarismo”, alerta o especialista.

O médico ressalta que cerca de 90% dos casos estão associados ao estilo de vida e fatores ambientais, enquanto apenas 10% têm origem genética. Dessa forma, para prevenir esse tipo de tumor é importante evitar o consumo de embutidos, bebidas açucaradas e o excesso de carne vermelha, adotar uma alimentação equilibrada (com frutas, verduras, legumes e cereais), praticar exercício físicos, não ingerir bebidas alcoólicas e não fumar.

Sintomas do câncer colorretal

Nos estágios iniciais, o câncer colorretal pode ser assintomático. No entanto, à medida que a doença avança, podem surgir sinais como:

• Alteração do ritmo intestinal;
• Presença de sangue nas fezes;
• Dores abdominais ou cólicas persistentes;
• Sensação de empachamento;
• Perda de peso inexplicada;
• Anemia sem causa aparente.

A sobrevida dos pacientes com câncer colorretal é significativamente maior quando a doença é diagnosticada em estágios iniciais. Dados do Observatório do Câncer do A.C.Camargo indicam que as taxas de sobrevida podem atingir 95% nos primeiros estágios da doença. Mesmo no estágio II, a taxa se mantém em torno de 80%, garantindo boas perspectivas de tratamento.

Por outro lado, mais da metade dos casos no Brasil ainda são diagnosticados em estágios avançados, quando o tratamento se torna mais complexo e invasivo, exigindo cirurgias extensas, quimioterapia e terapias-alvo de alto custo.

Exames de rastreamento, como a pesquisa de sangue oculto nas fezes, podem identificar alterações precoces e indicar a necessidade de investigações mais detalhadas, aumentando as chances de um prognóstico favorável.