ChatGPT crava diagnóstico de doença rara em criança após ela passar por 17 médicos
Apesar da experiência positiva, é importante ressaltar que a Inteligência Artificial não pretende e nem deve substituir médicos ou profissionais de saúde
Nos Estados Unidos, a história do pequeno Alex de apenas 4 anos impactou a todos. Sua mãe, Courtney, levou o menino a 17 profissionais da saúde em busca de um diagnóstico para sua condição ao longo de três anos, sem sucesso. Perturbadoramente, ela só conseguiu a resposta de qual doença era com o auxílio da Inteligência Artificial (IA) generativa do ChatGPT e um grupo no Facebook.
Os problemas de Alex começaram quando ele tinha apenas 4 anos. Ele tinha dores de cabeça frequentes, fadiga constante, alterações de personalidade, surtos de raiva e arrastava a perna esquerda enquanto andava, e sofria ainda com problemas de crescimento. Ele foi avaliado por vários especialistas, que deu diagnósticos variados, como bruxismo e Malformação de Arnold-Chiari.
O que é o ChatGPT e como ele ajudou a diagnosticar a doença de Alex?
O ChatGPT é baseado em uma tecnologia de IA generativa que utiliza o aprendizado profundo para gerar respostas do chatbot. Courtney, cansada das incertezas, decidiu buscar a ajuda desta ferramenta. Ao relatar todos os sintomas do filho e seu histórico de saúde, a IA gerou um diagnóstico sugerindo uma rara condição chamada Síndrome da Medula Ancorada.
A Síndrome da Medula Ancorada é uma condição em que a medula espinhal está ‘presas’ aos tecidos circundantes da coluna vertebral, impedindo-a de se mover corretamente conforme a coluna cresce. Isso causa uma variedade de sintomas, incluindo dor intensa e é frequentemente associado à Espinha Bífida, um defeito de nascimento em que a coluna não se fecha completamente. Esta sugestão de diagnóstico fez com que Courtney buscasse mais informações na internet.
Como o diagnóstico foi confirmado?
Nas suas pesquisas, a mãe encontrou um grupo no Facebook composto por famílias com crianças que sofriam dessa mesma condição. Após compartilhar sua história e obter mais informações sobre o problema, Courtney procurou um novo médico, dessa vez um neurocirurgião que não estava na lista dos profissionais consultados anteriormente. O especialista confirmou o diagnóstico da doença proposto pelo ChatGPT ao analisar os exames de ressonância magnética de Alex.
A descoberta do diagnóstico, no entanto, não significou o fim da batalha de Alex. Ele passou por uma cirurgia para tratar a condição, doença que estava associada à um quadro incomum de espinha bífida oculta. Após a operação, a criança se recupera bem.
IA pode substituir médicos?
Apesar da experiência positiva de Courtney, é importante ressaltar que a IA, nesse caso particular do ChatGPT, não pretende substituir médicos ou profissionais de saúde, mas sim, fornecer insights, que devem ser confirmados clinicamente.
A IA generativa já está sendo testada na medicina, com inúmeros projetos em desenvolvimento ou implantação. Aqui no Brasil, uma startup apoiada por Bill Gates está desenvolvendo um chatbot para ajudar médicos a reduzir a prescrição excessiva de antibióticos. Entretanto, a precisão dessa tecnologia precisa ser aprimorada, como evidencia um estudo recente que mostrou que o ChatGPT pode cometer erros ao recomendar tratamentos para o câncer.
Que evidências clínicas nós precisamos ao adotar IA na medicina?
O entendimento geral, de acordo com Jesse M. Ehrenfeld, o presidente da Associação Médica Americana (AMA), é que a tecnologia realmente tem potencial para ser usada na medicina, mas ainda necessita de mais aperfeiçoamento.
“Assim como exigimos provas de que os novos medicamentos e produtos biológicos são seguros e eficazes, também devemos exigir a obtenção de evidências clínicas sobre a segurança e a eficácia das novas aplicações de saúde baseadas na IA”, defende Ehrenfeld.
De uma coisa nós temos certeza: o futuro da medicina está em se aliar à tecnologia. E a história de Courtney e Alex é apenas uma amostra do quão poderosa essa parceria pode ser.