Ciência descobre um novo tipo de depressão que afeta 27% dos pacientes

Os tratamentos convencionais com antidepressivos à base de serotonina demonstraram eficácia menor

Por Silvia Melo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
17/02/2025 09:08 / Atualizado em 25/02/2025 13:46

Pesquisadores da Stanford Medicine, nos EUA, identificaram um novo subtipo de depressão chamado “subtipo cognitivo”, que afeta cerca de 27% dos pacientes. Esse tipo da doença se diferencia por causar déficits de atenção, memória e autocontrole.

Os testes cognitivos mostraram que esses pacientes têm dificuldade com a capacidade de planejar com antecedência, exibir autocontrole, manter o foco apesar das distrações e suprimir comportamentos inadequados.

Os tratamentos convencionais com antidepressivos à base de serotonina, como Lexapro (escitalopram) e Zoloft (sertralina), mostraram eficácia reduzida nesse grupo.

Ensaio com pacientes

A amostra do estudo de 1.008 adultos não medicados que tinham depressão receberam tratamentos comuns de serotonina como Lexapro, Zoloft e Effexor. Apenas cerca de 38% do novo subconjunto de depressão viu os sintomas entrarem em remissão, em oposição aos quase 48% sem ela. Os pacientes com Zoloft observaram a diferença mais drástica em 35,9% contra 50%.

Novo subtipo de depressão não responde bem aos medicamentos comumente utilizados
Novo subtipo de depressão não responde bem aos medicamentos comumente utilizados - solarseven/istock

Os pesquisadores disseram que direcionar essas disfunções cognitivas com antidepressivos menos usados ​​ou outros tratamentos pode aliviar os sintomas e ajudar a restaurar as habilidades sociais e ocupacionais.

O estudo, publicado em 15 de junho no JAMA Network Open, faz parte de um esforço mais amplo de neurocientistas para encontrar tratamentos que visam os biótipos da depressão.

Tratamentos em estudo

Em Stanford, os pesquisadores estão estudando outra opção de tratamento para esse tipo de depressão, a guanfacina. O fármaco atinge particularmente o córtex pré-frontal dorsolateral do cérebro – uma área de conhecimento onde os pacientes mostravam uma “atividade significativamente menor”.

Outro tratamento potencial para isso poderia ser a estimulação magnética transcraniana, onde os campos magnéticos estimulam as células nervosas. A terapia cognitivo-comportamental também é uma sugestão dos pesquisadores.