Cientistas decifram o caminho para o alívio da depressão em horas
Pesquisa recente revela que doses baixas de uma medicação já existente pode reduzir a depressão em horas, com efeitos que duram dias
Um estudo recente de neurocientistas da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, fez descobertas importantes sobre como uma medicação usada como anestésico pode ser eficaz no combate à depressão severa.
De acordo com os pesquisadores, a cetamina, em doses baixas, age no cérebro, trazendo o alívio dos sintomas depressivos.
Mas, ao contrário dos antidepressivos tradicionais, que podem levar semanas para fazer efeito, a cetamina pode melhorar o humor e aliviar sintomas depressivos em poucas horas após a administração.
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O estudo, publicado recentemente no periódico Molecular Psychiatry, abre caminho para o desenvolvimento de novos antidepressivos potencialmente não viciantes.
Poderoso anestésico
A cetamina é usada desde a década de 1960 como anestésico, mas em 2000, o primeiro teste com doses muito menores de cetamina provou sua rápida eficácia no tratamento de depressão grave e ideação suicida.
Como os antidepressivos tradicionais levam meses para fazer efeito, isso aumenta o risco de alguns pacientes agirem com base em pensamentos suicidas durante o período inicial de tratamento.
A cetamina fornece alívio quase instantâneo dos sintomas depressivos e permanece eficaz por vários dias e até uma semana após a administração.
Como age a cetamina na depressão?
Estudos apontam que a substância age principalmente através do bloqueio dos receptores NMDA.
Esses receptores produzem sinais elétricos essenciais para a cognição, aprendizado e memória. E, quando desregulados, resultam em sintomas psiquiátricos.
O mecanismo de ação descoberto na pesquisa sugere que, em doses baixas, a cetamina afeta apenas a corrente transportada pelos receptores que estavam ativos em segundo plano por um tempo, mas não pelos receptores sinápticos, que experimentam apenas ativações breves e intermitentes.
De acordo com os pesquisadores, isso resulta em um aumento imediato na transmissão excitatória, que por sua vez alivia os sintomas depressivos.
Além disso, o aumento na excitação inicia a formação de sinapses novas ou mais fortes, que servem para manter níveis excitatórios mais altos mesmo depois que a cetamina é eliminada do corpo, respondendo assim pelo alívio a longo prazo observado em pacientes.
Agora, os pesquisadores pensam rastrear medicamentos existentes que possam agir da mesma forma nos receptores NMDA para abrir o caminho para tratamento mais eficaz contra a depressão.