Cientistas descobrem como reverter crescimento de câncer no pâncreas

Estudo identifica uma proteína chave que reverte o processo que permite que as células cancerígenas cresçam no órgão

O câncer de pâncreas, uma das formas mais letais da doença, pode ter encontrado um novo adversário. Pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Câncer de Londres realizaram um estudo que revelou um mecanismo capaz de reverter o processo de crescimento e disseminação das células cancerígenas nesse órgão.

Com taxas de sobrevivência alarmantemente baixas, o câncer de pâncreas apresenta apenas um em cada 20 pacientes vivendo mais de cinco anos após o diagnóstico. No entanto, a recente descoberta oferece esperança para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.

A técnica envolve a manipulação dos níveis da proteína GREM1, o que modifica a capacidade do tumor de se tornar um subtipo mais agressivo.

Cientistas descobrem como reverter crescimento de câncer no pâncreas
Créditos: ljubaphoto/istock
Cientistas descobrem como reverter crescimento de câncer no pâncreas

Os cientistas vislumbram um futuro no qual o conhecimento adquirido por meio dessa pesquisa possa ser utilizado para reverter casos mais avançados de câncer de pâncreas, convertendo-os em uma forma menos agressiva, facilitando assim o tratamento.

Metodologia do estudo

Os pesquisadores conduziram experimentos utilizando camundongos e “mini-tumores” pancreáticos, também conhecidos como organoides. Eles focaram em um gene responsável por desativar a proteína GREM1.

Ao desligar a atividade do GREM1, as células tumorais sofreram uma rápida mudança de forma e desenvolveram novas propriedades que facilitam sua invasão de tecidos e a disseminação pelo corpo. Em apenas 10 dias, todas as células tumorais mudaram sua identidade para um tipo de célula invasiva e perigosa. Por outro lado, ao aumentar os níveis de GREM1, os pesquisadores observaram uma reversão desse processo, fazendo com que as células invasivas retornassem a uma forma menos perigosa.

O estudo utilizou um modelo de rato com adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC), a forma mais comum e agressiva da doença. Os resultados mostraram que cerca de 90% dos camundongos sem a funcionalidade do GREM1 desenvolveram tumores que se espalharam para o fígado, enquanto apenas 15% dos camundongos com a atividade normal da proteína apresentaram esse quadro.

O professor Axel Behrens, líder da equipe de células-tronco do câncer no Instituto de Pesquisa do Câncer de Londres, ressaltou a importância da descoberta, destacando que ela abre novas possibilidades para o desenvolvimento de tratamentos para o câncer de pâncreas. Segundo ele, compreender melhor os mecanismos que impulsionam a disseminação agressiva dessa doença permitirá explorar novas estratégias para torná-la menos agressiva e mais tratável.