Cientistas descobrem fator durante a gravidez que pode ter relação com autismo

Segundo observado no estudo, os meninos eram mais afetados por esse fator em algum grau

05/11/2024 17:04

Aos poucos as peças do quebra-cabeça do autismo vão se organizando. Agora, cientistas do Cold Spring Harbor Laboratory (CSHL), nos EUA, acreditam ter encontrado um fator durante a gravidez que pode estar envolvido na causa da condição. 

O estudo feito em camundongos percebeu que quando o sistema imunológico da mãe é estimulado em resposta a uma infecção viral, isso pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro do bebê.

Também foi possível observar que os embriões femininos pareciam protegidos desses efeitos. Mas um terço dos embriões masculinos foram afetados em algum grau. 

Isso está alinhado com o fato de o autismo ser mais prevalente em meninos do que em meninas. No entanto, não é possível saber se essa conexão é correlativa ou causal. 

Pesquisa descobre novo fator que pode ter relação com o autismo
Pesquisa descobre novo fator que pode ter relação com o autismo - MStudioImages/istock

Detalhes do estudo

A pesquisa simulou uma infecção viral em camundongos e monitoraram a reação do feto à forma como o sistema imunológico da mãe respondeu a um vírus de resfriado ou gripe, conhecido como ativação imunológica materna.

Essa ativação ocorre quando o sistema imunológico entra em ação, aumentando os níveis de citocinas e quimiocinas que podem atravessar a placenta e a barreira hematoencefálica do bebê.

Citocinas são pequenas células imunológicas que combatem patógenos nocivos convocando outras células imunológicas, criando sintomas como febre, coriza e dores no corpo.

Como o cérebro do feto é muito sensível aos sinais ambientais no útero, essa reação pode causar uma ampla gama de problemas comportamentais, incluindo o transtorno do espectro autista.

Os experimentos recentes com ratos mostraram que, quando a mãe contraía um vírus, o desenvolvimento cerebral do embrião desacelerava.

O interessante do estudo é que foi possível verificar o que acontecia com os fetos 24 horas após a exposição à inflamação materna, em vez de analisar os comportamentos dos descendentes quando adultos.

Esta é a primeira vez que cientistas conseguem observar os efeitos da inflamação pré-natal em um embrião em um modelo de autismo. Tal pesquisa pode um dia permitir que os médicos identifiquem sinais de alerta precoce antes mesmo de uma criança nascer.