Cientistas descobrem por que autismo é mais frequente em meninos

Nova pesquisa aponta para uma associação entre a doença e um cromossomo Y extra

Por Silvia Melo em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
22/10/2024 17:02 / Atualizado em 27/10/2024 15:43

Estudos indicam que os meninos têm uma probabilidade três vezes maior de serem diagnosticados com autismo em comparação às meninas. Agora, cientistas encontraram uma possível explicação para essa diferença.

Uma nova pesquisa do Geisinger College of Health Sciences, na Pensilvânia, sugere que os fatores de risco para o autismo podem estar associados ao cromossomo Y.

Os transtornos do espectro autista abrangem um conjunto variado de condições que envolvem desafios na interação social e na comunicação, afetando aproximadamente uma em cada 100 crianças em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Existem muitas causas potenciais para transtornos do espectro autista, que incluem fatores ambientais e genéticos.

Segundo os pesquisadores, uma teoria é que fatores de proteção do cromossomo X reduzem o risco de autismo em mulheres.

Apesar de saber disso, a equipe de pesquisa queria investigar se o cromossomo Y também pode desempenhar um papel.

Pesquisa aponta para uma associação entre a doença e um cromossomo Y extra
Pesquisa aponta para uma associação entre a doença e um cromossomo Y extra - Dusan Stankovic/istock

Detalhes do estudo

Para o estudo, a equipe analisou um grupo de indivíduos com um número anormal de cromossomos X e Y, uma condição conhecida como aneuploidia dos cromossomos sexuais.

Esses cromossomos, conhecidos como cromossomos sexuais, são os principais fatores na determinação do nosso sexo, com XX geralmente resultando em mulheres e XY geralmente resultando em homens.

No entanto, aproximadamente 1 em 450 recém-nascidos nasce com mais de dois desses cromossomos, permitindo que os pesquisadores estudem seus impactos relativos no autismo.

O estudo, publicado no periódico Nature Communications, em 15 de outubro, explorou a prevalência de transtornos do espectro autista em 350 indivíduos com diferentes variações de aneuploidia do cromossomo sexual.

O que eles descobriram foi que indivíduos com um cromossomo X extra não viram nenhuma mudança em seu risco de autismo, enquanto aqueles com um cromossomo Y adicional tinham duas vezes mais probabilidade de receber um diagnóstico.

Isso sugere que o fator de risco pode estar no cromossomo Y, em vez de qualquer proteção vinda do X.

“Embora pareçam dois lados da mesma moeda, nossos resultados nos encorajam a procurar fatores de risco para autismo no cromossomo Y em vez de limitar nossa busca a fatores de proteção no cromossomo X”, disse Alexander Berry, cientista da equipe do Geisinger College e coautor do estudo.

No entanto, os pesquisadores dizem mais estudos são necessárias para identificar o fator de risco específico associado ao cromossomo Y.