Cientistas encontram canabidiol em planta que cresce em quase todas as casas brasileiras
Se os próximos testes confirmarem eficácia e segurança, o Brasil poderá produzir seu próprio CBD – sem plantar um único pé de Cannabis sativa
Um arbusto que brota espontaneamente em quintais, margens de rodovias e áreas de reflorestamento – a Trema micrantha blume, popularmente chamada de pau-pólvora – acaba de ganhar status de candidata a nova fonte de canabidiol (CBD) no Brasil.
A descoberta, liderada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pode baratear tratamentos hoje dependentes da importação de derivados da cannabis e contornar entraves regulatórios ligados ao THC, composto psicoativo inexistente na Trema.
O que faz dessa descoberta algo especial?
- Demanda crescente por CBD
Medicamento aprovado para epilepsias raras e investigado para dor crônica, ansiedade e doenças neurodegenerativas.
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- Ausência de THC
Facilita a aprovação regulatória e elimina o risco de efeitos psicoativos.
- Distribuição ampla da planta
Encontra-se do Norte ao Sul do país, inclusive em áreas de recuperação ambiental, reduzindo custos de cultivo.
Como os cientistas chegaram lá
A equipe do biólogo molecular Rodrigo Moura Neto analisou folhas, frutos e inflorescências com espectrometria de massas de alta resolução.

O resultado: quantidades mensuráveis de CBD e traços mínimos (ou indetectáveis) de THC. Os dados completos foram publicados em 28 de novembro de 2024 na revista Scientific Reports, dando robustez ao achado.
Em um comunicado, o pesquisador celebrou a descoberta. “A flora brasileira é muito rica em substâncias bioativas, mas uma pequena fração delas é aproveitada para pesquisa. O desenvolvimento de tecnologias a partir de recursos naturais do país pode representar um avanço significativo para a saúde e para a economia”.
Próximos passos
Refinar a extração – O grupo testa solventes e temperaturas para maximizar o rendimento de CBD sem degradar outros compostos bioativos.
Estudos pré-clínicos – Culturas celulares e modelos animais avaliarão potência anti-inflamatória, anticonvulsivante e ansiolítica.
Parcerias público-privadas – A perspectiva é transferir tecnologia a farmacêuticas interessadas em produzir insumos nacionais.
O projeto dispõe de R$ 500 mil em financiamento inicial federal e estadual, com cronograma mínimo de cinco anos para chegar a ensaios clínicos.
Impacto potencial
Saúde pública – Redução de custos para cerca de 700 mil brasileiros que já recorrem a terapias com CBD.
Economia verde – Novo nicho de fitofármacos que valoriza a biodiversidade e impulsiona cadeias produtivas regionais.
Pesquisa nacional – Estimula o mapeamento de outras espécies da família Cannabaceae espalhadas pelo território.
De erva daninha ao futuro da medicina
A Trema micrantha transforma-se, de erva considerada “daninha”, em candidata a biofábrica legal de canabidiol. Se os próximos testes confirmarem eficácia e segurança, o Brasil poderá produzir seu próprio CBD – sem plantar um único pé de Cannabis sativa.
Estudo aponta que cannabis medicinal pode promover efeito anti-idade no cérebro
O Tetrahidrocanabinol (THC), um dos componentes ativos da cannabis medicinal, pode retardar o envelhecimento do cérebro.
Os pesquisadores observaram que a cannabis pode desempenhar um papel importante na manutenção das funções cerebrais ao longo do tempo. De acordo com o Dr. Jimmy Fardin, coordenador da pós-graduação em Medicina Endocanabinoide do Grupo Conaes Brasil, esses achados abrem novas perspectivas para preservar a capacidade cognitiva dos indivíduos à medida que envelhecem, reduzindo o risco de doenças como Alzheimer e Parkinson.