Cigarros eletrônicos: males são comparados a ferimentos de guerra

Desde o seu surgimento, os cigarros eletrônicos, também conhecidos como "vape", são alvo de infinitas polêmicas

Embora seja proibido no Brasil, cigarros eletrônicos são consumidos sem qualquer restrição – iStock/Getty Images
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Embora seja proibido no Brasil, cigarros eletrônicos são consumidos sem qualquer restrição – iStock/Getty Images

Desde o seu surgimento, os cigarros eletrônicos, também conhecidos como “vape”, são alvo de infinitas polêmicas. Não por acaso, estão na mira de várias investigações em todo o mundo.

Isso porque, de acordo com especialistas, eles podem ser tão ou até mais nocivos que os cigarros tradicionais, conforme estudo publicado no periódico científico New England Journal of Medicine.

De acordo com indícios colhidos no trabalho científico, a fumaça inalada por meio do dispositivo causa danos nos pulmões que se assemelham a queimaduras químicas.

Em entrevista ao The New York Times, o patologista cirúrgico da Clínica Mayo, Brandon T. Larsen, explica que os casos mostram o mesmo padrão de lesão. “Para ser honesto, elas se parecem com o tipo de mudança que você esperaria ver em um trabalhador em um acidente industrial onde um grande barril de produtos químicos tóxicos derrama, e essa pessoa é exposta a vapores tóxicos e a queimadura química nas vias aéreas”.

Ferimento da Primeira Guerra Mundial

Ainda de acordo com Larsen, os ferimentos causados pelo cigarro eletrônico podem ser comparados àqueles vistos em pessoas expostas a venenos como gás mostarda, uma arma química usada na Primeira Guerra Mundial.

Para chegar à conclusão, o estudo baseou-se em análises de tecido pulmonar de 17 pessoas com idades  entre 19 e 67 anos. Cerca de 70% usavam produtos de maconha ou óleo de cannabis no vaporizador.

Porém, os médicos não conseguiram identificar exatamente o que está causando o dano pulmonar, ou mesmo quantas substâncias nocivas estão envolvidas. Eles não sabem se a fonte são os líquidos que estão sendo vaporizados ou uma toxina liberada pelos materiais usados para fabricar dispositivos de vaporização. Também não está claro se alguns dispositivos estão com defeito.

Saldo do cigarro eletrônico

Enquanto nos Estados Unidos, nos últimos, o cigarro eletrônico está associado a milhares de casos de doença pulmonar e dezenas de mortes,  no Brasil, é proibido comercializar e fazer propaganda desse tipo de produto. Porém, seu uso é livre.

Preocupada com a falta de evidências científicas sobre a segurança, a Anvisa anunciou que irá monitorar casos de saúde relacionados ao uso de cigarros eletrônicos no país.