Segundo a ciência, pequenos cochilos são uma ferramenta indispensável de criatividade
Técnica respaldada por estudos da área teve, inclusive, um notável artista entre os adeptos da prática
Por trás de grandes obras e ideias inovadoras, às vezes, há apenas… um breve cochilo. O que para muitos pode parecer desleixo ou cansaço, para outros é um mecanismo engenhoso de acesso à criatividade. Salvador Dalí, o mestre do surrealismo, sabia disso muito antes da neurociência confirmar.
Seu “truque” consistia em adormecer por segundos e, nesse estado limítrofe entre vigília e sonho, capturar lampejos de inspiração.
Décadas se passaram desde que o pintor catalão revelou sua técnica excêntrica em um de seus livros. Hoje, estudos em neurociência dão razão a Dalí — o chamado “estado hipnagógico” é, de fato, fértil para a mente criativa.
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Quando o cérebro dança entre dois mundos
Esse estágio transitório, entre estar acordado e cair no sono profundo, pode durar apenas alguns minutos, mas provoca uma explosão de conexões inusitadas no cérebro. É o momento em que ideias emergem de forma menos lógica e mais associativa, como se a mente deixasse de obedecer ao filtro racional e se entregasse ao devaneio.
A neurocientista Delphine Oudiette, do Instituto do Cérebro, em Paris, vem investigando esse limiar entre a consciência e o sono. Ela explica que, nesse ponto inicial do adormecimento, o cérebro se torna extremamente receptivo a imagens e pensamentos espontâneos. Para artistas, escritores, inventores — ou qualquer pessoa em busca de soluções criativas — é um território valioso.

O segredo surrealista de Dalí
Dalí transformou essa janela cerebral em um ritual preciso. Sentado com uma chave entre os dedos, posicionava um prato metálico sob a mão. Assim que o corpo relaxava e a chave caía, o barulho o acordava — bem no instante em que as primeiras imagens do sonho começavam a surgir. O artista, então, registrava as ideias recém-despertadas, ainda imersas na atmosfera do subconsciente.
Embora possa parecer bizarro, esse método é hoje interpretado como uma forma rudimentar, porém eficaz, de exploração cognitiva.
Ciência, cochilos e criatividade
Estudos contemporâneos vão além da anedota. Pesquisadores testaram voluntários em situações similares e observaram que cochilar por cerca de dez minutos, sem entrar em sono profundo, aumentava significativamente a capacidade criativa em tarefas posteriores.
O truque está em permanecer nesse ponto delicado: profundo o bastante para que a mente se liberte das restrições da lógica, mas superficial o suficiente para manter algum grau de consciência e retenção.
Explorando o inconsciente com propósito
A ciência atual oferece até maneiras de refinar a técnica. Por exemplo, usar sons suaves, como notas musicais associadas a ideias ou palavras específicas, pode induzir o cérebro a sonhar com temas desejados — processo conhecido como “incubação de sonhos”.
Esse tipo de indução é testado em laboratórios de sono e pode ter aplicações que vão da arte à resolução de problemas complexos, passando pela inovação científica.
Não é preguiça — é método
Se antes cochilar após o almoço era malvisto, hoje começa a ser reavaliado como uma estratégia mental inteligente. A chave está na intenção: diferenciar o sono restaurador da simples distração para entender o microcochilo como uma ferramenta criativa.
Na fronteira entre o real e o onírico, Salvador Dalí encontrou a centelha da inspiração. E agora, com o respaldo da neurociência, parece que todos nós podemos acessar esse mesmo espaço — com ou sem uma chave na mão.
Hábitos para melhorar a saúde do cérebro
O cérebro é uma estrutura fascinante e complexa, que desempenha um papel crucial em todas as facetas da nossa vida.
Manter a sua saúde não é apenas uma questão de bem-estar momentâneo, mas uma forma de garantir uma vida longa e plena. Por isso, investir em hábitos saudáveis que beneficiam o cérebro é mais do que uma necessidade: é uma escolha inteligente para um futuro melhor.