Como ajudar alguém com depressão
O apoio de amigos e familiares é essencial na recuperação de um paciente depressivo; veja o que fazer e o que deve ser evitado na abordagem
É bem provável que você conheça alguém com depressão, já que são 300 milhões de pessoas em todo o mundo que sofrem com essa doença, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas afinal, como ajudar quando identificamos alguém próximo com sinais de depressão? Estar disponível e não julgar são atitudes cruciais, mas ainda há outras maneiras de lidar com a situação.
É importante saber que, embora a desregulação da função cerebral do humor esteja sempre presente, nem sempre o humor da pessoa deprimida é melancólico, com tristeza e choro, mas costuma ser apático, com indiferença e perda de atratividade pelo meio. A pessoa, muitas vezes, pode não se dar conta de que isso trata-se depressão e é aí que entra sua ajuda.
Nesse caso, o primeiro passo, de acordo com o médico psiquiatra Fernando Fernandes, do Instituto de Psiquiatria da USP (IPQ), é dar um toque para que essa pessoa entenda que ela pode estar passando por um problema médico.
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Em segundo lugar, é preciso e incentivá-la para que busque tratamento medicamentoso e psicoterápico. Isso é de extrema importância, já que a pessoa depressiva dificilmente apresentará motivação e energia para fazê-lo espontaneamente.
Segundo o médico, ao combinar todas as estratégias disponíveis no tratamento, em 80% dos casos restaura-se a vida normal da pessoa, deixando-a livre dos sintomas. “Nos 20% restantes, consegue-se uma melhora muito grande, diminuindo a incapacitação e os riscos”, afirma Fernandes.
Em um segundo momento, quando o tratamento já surtir algum efeito, é preciso achar caminhos para que aquela pessoa reencontre prazer em atividades que anteriormente eram prazerosas para ela. Então, estimulá-la, sem fazer cobranças, é outra estratégia, de acordo com o médico.
Outras formas de ajudar alguém com depressão
Com informações da cartilha do Ministério da Saúde, do Centro de Valorização à Vida (CVV) e de pisquiatras, reunimos abaixo, algumas dicas de como ajudar quem está enfrentando a doença; confira:
Acolha e escute ativamente
Deixe a pessoa saber que você se preocupa com ela, ofereça-se para conversar e, quando ela te procurar para isso, saiba acolher e escutá-la de maneira atenta, sem fazer julgamentos. A maior parte das pessoas se sente melhor depois de conversar com alguém que se preocupa com elas.
Faça contatos esporádicos
As pessoas deprimidas tendem a se afastar dos outros e se isolar, por isso pode ser necessário expressar sua preocupação e vontade de ouvi-la repetidas vezes. Seja gentil, mas também saiba o momento certo de dar um espaço para que a pessoa respire.
Incentive a fazer atividades prazerosas
É muito comum que a pessoa em depressão se sinta sem inciativa, disposição e energia e acabe deixando de lado atividades que anteriormente eram prazerosas para ela. Então, quando o tratamento surtir os primeiros efeitos, incentive a pessoa a se envolver no que ela antes gostava, mas sem cobranças.
Se ofereça a acompanhar a pessoa ao médico
Talvez a pessoa não tenha a iniciativa de ir sozinha até um médico ou profissional de saúde mental, então, ofereça-se a acompanhá-la a uma consulta.
De que maneira não abordar a pessoa com depressão
Saber o que NÃO dizer também é muito importante na hora de ajudar efetivamente alguém depressivo. O psiquiatra Neury Botega, pesquisador da área de saúde mental, recomenda que não se deve infantilizar a pessoa, tratando-a como criança; cobrar melhoras; e desistir de ajudar.
As seguintes frases também não devem ser ditas:
- “Isso é covardia”
- “É loucura”
- “É fraqueza”
- “É por isso que quer morrer? Já passei por coisas bem piores e não me matei”
- “Você quer chamar a atenção”
- “Te falta Deus”
- “Tantas pessoas com problemas mais sérios que o seu, siga em frente”
- “Levanta a cabeça, deixa disso”
- “A vida é boa”
Tratamento gratuito
Mesmo quem não tem condições de pagar um médico privado, pode contar com o atendimento gratuito oferecido pelas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse tratamento vale para todos os níveis da doença: leve, moderado ou grave.
Além dos serviços das unidades básicas de saúde, existem ainda algumas alternativas, que podem ser as Clínicas-Escola de universidades e projetos de psicólogos e psiquiatras que realizam de forma independente atendimentos gratuitos ou a preços populares. Vale se informar em sua cidade. (Locais em São Paulo e no Rio de Janeiro)
Serviços de saúde
CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde).
Disque 188
Por meio do telefone 188, o CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece apoio emocional a pessoas que querem e precisam conversar, sob sigilo absoluto. As ligações são gratuitas em todo o Brasil e podem ser feitas em qualquer horário, todos os dias.
Emergência
SAMU 192, UPA, Pronto Socorro e Hospitais.