Como buscar um diagnóstico de autismo na fase adulta

Muitas pessoas chegam à fase adulta sem saber que são autistas porque os sinais podem passar despercebidos ou ser confundidos com outras condições

Por Silvia Melo em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
22/11/2024 15:33 / Atualizado em 27/11/2024 13:46

Se você não recebeu o diagnóstico de autismo na infância, você pode ter passado a vida inteira ignorando traços, comportamentos e desafios consistentes com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), sem ter os recursos projetados para ajudar.

Dependendo da sua idade e dos seus mecanismos de enfrentamento, você pode se sentir “velho demais” para se preocupar com um diagnóstico agora, especialmente se você descobriu maneiras de lidar com a condição. Mas ainda assim ainda vale a pena procurar um entendimento melhor sobre seu funcionamento.

O diagnóstico, mesmo que tardio, traz empoderamento pessoal e compreensão de seus pontos fortes e fracos. Ele proporciona uma visão mais clara dos desafios enfrentados ao longo da vida, como dificuldades em relacionamentos ou no trabalho, ajudando a reduzir sentimentos de frustração ou inadequação.

Como buscar um diagnóstico de autismo na fase adulta?

O primeiro passo é identificar padrões comportamentais que possam indicar o TEA. Pesquisar sobre sintomas e fazer autoavaliações pode ser útil.

Caso tenha identificado os sinais, procure um um profissional especializado. Um psiquiatra ou psicólogo com experiência em autismo em adultos pode conduzir uma avaliação detalhada. O diagnóstico pode envolver entrevistas, questionários padronizados e a análise do histórico de vida.

diagnóstico de autismo

Em alguns casos, pode ser necessário envolver outros especialistas, como neurologistas ou terapeutas ocupacionais, para um diagnóstico mais preciso. Organizações especializadas em autismo podem oferecer informações, profissionais indicados e suporte emocional durante o processo.

Sinais de autismo em adultos

Os sinais de autismo na fase adulta podem incluir dificuldade em interações sociais, sensibilidade a estímulos sensoriais, comportamentos repetitivos, interesses restritos e desafios na comunicação não verbal. Algumas pessoas podem apresentar também dificuldades para lidar com mudanças ou interpretar emoções alheias.

Veja abaixo algumas características comuns de autismo:

Um sentimento de ser “diferente” dos outros

Especialistas concordam que pessoas autistas frequentemente sentem-se diferentes das demais. Essa sensação de diferença é constante, não ocorrendo apenas em períodos específicos da vida, como na infância. Esse sentimento é uma experiência interna que não pode ser identificada externamente, variando em intensidade. 

Fortes preferências por certos alimentos e certas roupas 

Muitas pessoas com autismo apresentam respostas sensoriais intensificadas ou diminuídas. Isso pode afetar como elas percebem texturas, cheiros, sons, gostos e sensações táteis. Por exemplo, a preferência por certos alimentos pode ser devido à sua textura ou sabor, enquanto o desconforto com certos tipos de roupas pode ser causado por sensibilidade a determinados tecidos.

Esgotamento social

Ir a eventos sociais com muitos estímulos (luz, barulhos, conversas) pode tornar as interações sociais cansativas e sobrecarregar o autista. Além disso, em situações assim, geralmente há um esforço mental elevado por parte do autista que tenta interpretar expressões faciais, tons de voz e normas sociais. É comum que após uma interação nesse contexto, o autista se sinta esgotado e queira se isolar socialmente para recarregar a bateria.

Honestidade e comunicação direta

Autistas também tendem a ser mais honestos e diretos em suas comunicações, o que pode ser interpretado como ingenuidade ou frieza por pessoas acostumadas a estratégias sociais mais complexas.