Como funcionam pílulas de iodo contra radiação usadas na guerra?
O preço dos remédios dispararam nas últimas semanas e já há esvaziamento de estoque nas farmácias da Europa
Temendo ameaças radioativas após ataques das tropas russas contra usinas nucleares em território ucraniano, a população de vários países europeus corre às farmácias atrás de pílulas de iodo.
A procura é tanta que já há falta do medicamento em alguns lugares, como na Noruega, e – em outros – os preços dispararam em mais de 100% nas últimas semanas.
De acordo com uma reportagem da Bloomberg, depois que Vladimir Putin ordenou o ataque, um frasco de 180 comprimidos de iodo de potássio passou a custar quase US$ 70 (o equivalente a cerca de R$ 350) na Amazon. No início do ano, o mesmo produto era vendido por US$ 30 (cerca de R$ 150).
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Essa demanda se justifica porque as pílulas de iodo e de iodeto de potássio ajudam a proteger a tireoide de produtos químicos radioativos.
Como funcionam na prática?
O iodeto de potássio é um sal de iodo estável, que é necessário ao corpo humano para produzir hormônios usado pela glândula tireoide para controlar diversas funções. Porém, esse mineral não é produzido naturalmente pelo organismo. Para obtê-lo, a ajuda precisa vir de fora, através da alimentação.
O iodo radioativo, no entanto, que é uma das primeiras substâncias liberadas no ar após um evento nuclear, pode ser absorvido pela inalação e até mesmo pela pele, sendo armazenado na tireoide. O grande problema é que essa substância radioativa é cancerígena.
É aí que entram as pílulas de iodo e de iodeto de potássio vendidas nas farmácias. Quando o iodo do bem é consumido em doses mais concentradas, ele sobrecarrega a glândula, não deixando espaço para a absorção do iodo radioativo.
Porém, esses comprimidos não funcionam de forma preventiva, ou seja, antes de um acidente nuclear, pois a tireoide armazena o mineral apenas por um determinado período.
Quais os reais riscos nucleares da guerra?
Na hipótese de ocorrer uma explosão nuclear, o acidente tem potencial de espalhar radiação por toda a Europa. Foi uma explosão do núcleo do reator que provocou a tragédia de Chernobyl, em 1986, que matou indiretamente pela contaminação radioativa entre 9 mil e 16 mil pessoas, segundo a ONU.
Nesta quarta-feira, 9, a companhia nuclear ucraniana Energoatom disse que a atual falta de energia elétrica na usina nuclear de Chernobyl, já sob comando russo, compromete o resfriamento dos reatores, o que pode provcar a disseminação de radiação à Europa e até à Rússia.
Para se ter uma ideia, o desastre de Chernobyl espalhou radiação a um raio de 100 mil km de Kiev.