Como o olfato pode influenciar a percepção de cores?
Aprenda mais sobre as conexões entre os sentidos!
Diariamente, nossos cinco sentidos – visão, audição, paladar, tato e olfato – trabalham incansavelmente para interpretar as informações que recebemos do meio externo.
Mas você já parou para pensar em como esses sentidos podem estar interligados? Pesquisadores da Universidade Liverpool John Moores, no Reino Unido, se focaram nisso e conduziram uma experiência inovadora que revelou como os odores podem influenciar a forma que percebemos as cores.
Como o olfato pode influenciar a percepção de cores?
De acordo com o artigo publicado na conceituada revista científica Frontiers in Psychology, os cientistas submeteram 24 adultos, com idades entre 22 e 59 anos, a um experimento rigoroso e controlado. Os voluntários foram expostos a diferentes odores enquanto observavam uma tela apresentando cores aleatórias.
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Afinal, como foi conduzido esse estudo sobre a interação olfato-visual?
Em um ambiente livre de estímulos sensoriais indesejados, os participantes foram expostos a seis odores distintos – caramelo, cereja, café, limão, hortelã-pimenta e água inodora como controle – enquanto observavam uma tela exibindo cores diversas. A cada odor apresentado, eles eram instruídos a ajustar manualmente a cor na tela para cinza neutro.
Surpreendentemente, os resultados mostraram que a presença dos odores fazia com que os participantes se distanciassem do “cinza neutro”.
Também se observou que a influência do odor na percepção da cor estava em sintonia com as correspondências esperadas das interações entre sentidos conhecidas como transmodais.
Mas o que significa correspondências transmodais?
As correspondências transmodais são associações que o cérebro estabelece entre informações de diferentes sentidos.
Por exemplo, a maioria de nós automaticamente associa cores quentes a temperaturas mais altas e tons mais altos a posições mais elevadas.
No caso em análise, quando expostos ao cheiro de café, as pessoas tendem a perceber o cinza como marrom-avermelhado, enquanto ao cheiro de caramelo, percebem tons mais azulados.
E quais são as implicações dessa pesquisa na prática?
O estudo sugere que essas correlações sensoriais são integradas de forma tão profunda em nosso sistema cognitivo que até mesmo nossa percepção de cores pode ser alterada por odores.
Este conhecimento pode ser empregado em várias áreas, desde o marketing – onde combinações estratégicas de cores e odores podem ser usadas para estimular o consumo de produtos – até na medicina, onde a terapia sensorial pode ser explorada para o tratamento de distúrbios neurológicos e psicológicos.
Os pesquisadores enfatizam a necessidade de estudos adicionais para investigar a amplitude dessas associações transmodais olfato-cor.
“Temos que entender até onde a influência dos odores pode chegar. Será que esses efeitos seriam observados com odores menos familiares ou mesmo com odores inéditos?”, questiona Ryan Ward, professor sênior da Liverpool John Moores University.