Tratamento de colesterol alto genético avança com redução de 86%

A forma genética de colesterol alto não depende do estilo de vida e ainda carece de tratamentos eficazes; entenda como o novo comprimido funciona

19/11/2024 14:07

Uma novidade para o tratamento contra uma forma genética de colesterol alto foi divulgada: o muvalaplin, um novo comprimido diário, mostrou resultados impressionantes em testes clínicos.

Muvalaplin levou a uma redução da forma genética de colesterol alto
Muvalaplin levou a uma redução da forma genética de colesterol alto - iStock/bymuratdeniz

Após 12 semanas de tratamento, o medicamento reduziu até 85,8% os níveis de lipoproteína(a), ou Lp(a), uma combinação de colesterol ruim (LDL) com uma proteína chamada “a”.

Quando acumulada no sangue, essa molécula é um fator de risco para doenças cardiovasculares, como aterosclerose, que pode obstruir artérias importantes.

O que diferencia o colesterol genético do adquirido?

Enquanto o colesterol alto tradicional geralmente está relacionado a hábitos de vida, como má alimentação e sedentarismo, o genético independe desses fatores. Isso o torna mais difícil de controlar com tratamentos convencionais.

“Níveis elevados de Lp(a) afetam mais de um bilhão de adultos em todo o mundo. As terapias atuais para redução do colesterol não são aprovadas para reduzir os níveis de Lp(a), destacando uma necessidade não atendida para pessoas com doenças cardiovasculares. Esses dados representam um avanço científico necessário, com potencial para reduzir o risco de eventos cardiovasculares, como ataques cardíacos ou derrames, por meio de um comprimido de dose única diária”, explicou Stephen J. Nicholls, autor do estudo que avaliou o comprimido, em comunicado.

Como o muvalaplin funciona?

O medicamento age bloqueando a interação inicial entre duas moléculas que formam a Lp(a). Nos testes, diferentes dosagens foram avaliadas:

  • 10 mg: que levou a uma redução de 47,6% nos níveis de Lp(a);
  • 60 mg: redução de 81,7%;
  • 240 mg: redução de 85,8%.

Os resultados dessa segunda etapa de testes, publicados na revista JAMA Network, foram obtidos em um estudo com 233 voluntários, realizado em centros de pesquisa de diversos países, incluindo o Brasil.

O medicamento também demonstrou ser seguro, apresentando efeitos colaterais similares tanto nos participantes que o utilizaram quanto naqueles que receberam placebo.

Embora os resultados sejam animadores, ainda há etapas a serem cumpridas antes que o medicamento esteja disponível no mercado.

Segundo os especialistas, é necessário verificar se a redução da Lp(a) também impacta no risco de ataques cardíacos e derrames. Estudos maiores também serão fundamentais para confirmar a eficácia e segurança do tratamento.