Conheça a pílula que funciona contra as variantes do coronavírus

Antiviral testado em laboratórios provoca erros de cópia no RNA do coronavírus, impedindo sua replicação

Por: Redação

A farmacêutica norte-americana Merck anunciou que o molnupiravir, pílula antiviral desenvolvida contra a covid-19, funciona contra as variantes do novo coronavírus, incluindo a Delta, a mais transmissível e responsável pela maioria de casos de covid-19 em vários países.

O medicamento, que está na última fase de testes, trabalha com duas frentes: a proteção preventiva após a exposição a um agente infeccioso e o tratamento para quem já está infectado, mas que ainda não necessita de hospitalização.

Pílula antiviral da Merck se mostrou eficaz contra as variantes do novo coronavírus
Créditos: Plyushkin/istcok
Pílula antiviral da Merck se mostrou eficaz contra as variantes do novo coronavírus

Como o antiviral atua?

Diferentemente do mecanismo das vacinas, o fármaco da Merck não mira a proteína S, que sofre algumas alterações por conta das mutações. Seu foco é agir na polimerase viral, uma enzima responsável pela replicação do coronavírus.

Funciona da seguinte forma:

Assim que o molnupiravir entra no organismo, ele é metabolizado e se transforma em outra substância, a N4-hidroxicitidina (NHC), uma molécula que basicamente funciona introduzindo erros no código genético do vírus.

Dessa forma, ela consegue impedir a cópia do Sars-Cov-2.

De acordo com a farmacêutica, os dados do estudo até agora mostram que a droga não é capaz de induzir mudanças genéticas nas células humanas. Porém, os homens que participaram dos testes foram orientados a se abster de ter relações heterossexuais ou concordar em usar anticoncepcionais até que os resultados do estudo de toxicologia reprodutiva estejam disponíveis.

“Não sabemos se há algum efeito potencial da droga no esperma”, disse o executivo de pesquisa da Merck, Nicholas Kartsonis.

Como foi realizado o estudo?

O antiviral foi testado em amostras de swabs nasais retiradas dos voluntários que participaram da primeira fase do estudo.

Depois, em um pequeno ensaio de estágio intermediário, cerca de 1,3 mil participantes receberam 800 mg do medicamento ou placebo por via oral a cada 12 horas por cinco dias.

Após esse curto período de tratamento, descobriu-se que nenhum dos pacientes que tomaram várias doses da droga testou positivo para o vírus infeccioso, enquanto 24% dos pacientes que receberam placebo apresentaram níveis detectáveis.

Outro dado que os pesquisadores puderam observar é que o medicamento é mais eficaz quando administrado no início da infecção.

Antiviral foi testado em amostras de swabs nasais
Créditos: Drazen Zigic/istock
Antiviral foi testado em amostras de swabs nasais

Finalizado os estudos, a farmacêutica espera submeter o antiviral à aprovação dos órgãos regulatórios e, se aprovado, colocá-lo no mercado ainda este ano.

Vantagem do molnupiravir

A grande vantagem do molnupiravir é que ele é administrado por via oral, portanto, pode ser tomado em casa, ao contrário do remdesivir, o outro antiviral contra o coronavírus que precisa ser injetado na veia em ambiente hospitalar.