Consumo excessivo deste alimento aumenta risco de demência, aponta estudo

Estudo encontrou ligação preocupante entre esse tipo de alimento e o declínio cognitivo

Por André Nicolau em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
20/11/2024 16:01

Presunto, salsicha, carne seca, bacon também são exemplos de carnes processadas – Karaidel/istock
Presunto, salsicha, carne seca, bacon também são exemplos de carnes processadas – Karaidel/istock - Karaidel/istock

Um novo estudo acendeu o alerta: dietas ricas em carne vermelha processada podem aumentar significativamente a chance de demência. Os dados, apresentados em 24 de novembro durante a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer nos EUA, apontam para uma ligação preocupante entre este grupo alimentar e o declínio cognitivo.

Durante 43 anos, mais de 130.000 adultos foram acompanhados por pesquisadores que investigaram como a dieta influencia o cérebro. Os resultados, ainda pendentes de revisão por pares, revelaram que comer regularmente carne vermelha processada — como bacon, salsicha, mortadela e salame — pode ser um inimigo silencioso da saúde mental.

Quando o consumo deste alimento aumenta o risco de demência? 

Carne processada não é apenas carne: é carne transformada. Técnicas como salgar, defumar e curar, além da adição de conservantes como nitritos e nitratos, estendem a durabilidade e realçam o sabor, mas têm um custo para o organismo.

Pessoas que consumiram ao menos duas porções de carne vermelha processada por semana apresentaram uma chance 14% maior de desenvolver a doença, em comparação com aqueles que consumiram menos de três porções ao mês. E não para por aí: cada porção extra consumida por dia estava associada a um envelhecimento cognitivo adicional equivalente a 1,6 ano, afetando principalmente habilidades linguísticas e funções executivas.

É possível reduzir o impacto? 

A boa notícia é que há alternativas simples e saborosas. Substituir uma porção diária de carne processada por opções como nozes ou feijões foi associado a uma redução de 20% no risco de declínio cognitivo. Dietas ricas em alimentos frescos, integrais e vegetais, com baixo teor de gordura e açúcar, continuam a ser as melhores escolhas para a saúde cerebral.

Outros aliados contra o declínio cognitivo 

Uma dieta equilibrada é apenas uma peça do quebra-cabeça. O estilo de vida saudável engloba outros pilares:

  • Atividade física: comprovadamente melhora a memória e desacelera o Alzheimer;
  • Sono de qualidade: noites bem dormidas são cruciais para a saúde mental;
  • Controle de doenças crônicas: hipertensão, diabetes e colesterol alto aumentam o risco de declínio cognitivo, mas podem ser gerenciados;
  • Interação social: conexões sociais ajudam a afastar o isolamento, que é um fator de risco conhecido.

Consequências à saúde 

O estudo reforça uma verdade universal: o que comemos não afeta apenas nossa cintura, mas também nosso cérebro. Pequenas mudanças no prato podem ter um impacto duradouro na saúde e na qualidade de vida, transformando refeições em verdadeiros aliados da longevidade e da lucidez.
 
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