Consumo de álcool pode causar sete tipos de câncer, aponta estudo

27/07/2017 17:32

O álcool pode ser uma das causas de sete tipos de câncer e, mesmo quem consome quantidades baixas ou moderadas está em risco, segundo estudo publicado na revista científica Addiction, na última sexta-feira, 21, como aponta o The Guardian.

“Há evidências que o  álcool é uma causa direta do câncer”, diz pesquisadora
“Há evidências que o  álcool é uma causa direta do câncer”, diz pesquisadora - Getty Images

De acordo com a pesquisadora Jennie Connor, do departamento de medicina preventiva e de medicina social da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, a análise conclui que há mais do que simplesmente associação estatística entre álcool e câncer. Segundo ela, já existem evidências suficientes para dizer conclusivamente que o consumo de álcool é uma causa direta da doença.

Analisando dados sobre câncer e consumo de álcool dos últimos anos, o estudo concluiu que bebidas alcoólicas podem causar de câncer: “Há uma forte evidência de que o álcool causa câncer em sete locais no corpo. Mesmo sem o conhecimento completo dos mecanismos biológicos [de como o álcool causa câncer], a evidência epidemiológica pode apoiar a afirmação de que o álcool causa câncer de orofaringe, laringe, esôfago, fígado, cólon, reto e mama”, afirma Connor.

Estimativas atuais sugerem que os cânceres (nesses órgãos) que podem ser atribuíveis ao álcool representam 5,8% de todas as mortes por câncer em todo o mundo, aponta o estudo.

“A evidência epidemiológica pode apoiar a afirmação de que o álcool causa câncer de orofaringe, laringe, esôfago, fígado, cólon, reto e mama”, afirma pesquisadora
“A evidência epidemiológica pode apoiar a afirmação de que o álcool causa câncer de orofaringe, laringe, esôfago, fígado, cólon, reto e mama”, afirma pesquisadora - Getty Images/iStockphoto

A cientista alerta ainda que evidências recentes apontam que outros tipos de câncer provavelmente também podem ser causados pelo álcool, como o de pele, próstata e pancreático.

Jennie chegou à conclusão analisar as revisões realizadas nos últimos 10 anos pelo World Cancer Research Fund, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, Organização Mundial de Saúde (OMS)  e outros órgãos competentes.

“Os riscos mais elevados estão associados com o consumo mais pesado, mas há um peso considerável mesmo sobre aqueles que bebem pouco ou moderadamente”, aponta Connor.

Em fevereiro, a professora Sally Davies, chefe do departamento médico do governo da Inglaterra, provocou uma agitação ao alertar que beber álcool poderia causar câncer de mama.

Davies desempenhou um papel fundamental na elaboração de novas diretrizes governamentais sobre os limites de consumo seguro de álcool, publicado em janeiro.

A crescente evidência do papel do álcool como causa do câncer, sublinhada por um relatório do Comitê Britânico de Carcinogenicidade (fatores que causam aparecimento de um carcinoma – câncer), foi fundamental para Sally e seus colegas em cargos correspondentes ao seu na Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, emitissem o aviso.

Jana Witt, do Cancer Research UK (Escritório de Pesquisas do Câncer do Reino Unido), disse: “Nós sabemos que nove em cada 10 pessoas não estão conscientes do vínculo entre álcool e câncer. E esta revisão é um grande lembrete de que existem evidências fortes que ligam os dois”.