É possível se contaminar mais de uma vez pela Ômicron?

Pesquisadores ainda analisam o comportamento da variante que oferece riscos maiores para os não vacinados

01/02/2022 13:32

Se você foi contaminado recentemente pela covid-19, é provável que tenha sido pela variante Ômicron, que está em alta circulação no país. A dúvida que fica após a recuperação é a seguinte: é possível se contaminar mais de uma vez pela variante?

Ainda é cedo para ter respostas definitivas, afinal, a variante é recente, começou a se propagar há cerca de dois meses no mundo.

Porém, de acordo com Stanley Weiss, do Departamento de Epidemiologia da Rutgers School of Public Health, sim, é possível se contaminar pela Ômicron uma segunda vez.

Ele cita uma conferência recente com a presença de um virologista na África do Sul, que disse que os médicos do país viram várias pessoas que tiveram reinfecções pela Ômicron. “A Ômicron é altamente contagiosa e não parece induzir uma imunidade protetora fantástica”, disse Weiss.

Uma infecção anterior pela Ômicron não protege necessariamente contra outra infecção
Uma infecção anterior pela Ômicron não protege necessariamente contra outra infecção - Udomkarn Chitkul/istock

O que já se sabe, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é que a taxa de reinfecção da Ômicron após uma covid prévia por outra cepa é de fato maior.

O alerta foi feito em relatório um recente sobre o avanço da variante baseado em uma análise da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido feita em conjunto com o Conselho de Pesquisa Médica (MRC) da Unidade de Bioestatística da Universidade de Cambridge.

O estudo demonstrou que o risco de reinfecção por covid-19 pela Ômicron é seis vezes maior entre os não vacinados e cinco vezes menor entre vacinados.

“Isso acontece porque a Ômicron tem uma capacidade aumentada de evadir a imunidade em comparação com as variantes anteriores, causando reinfecções naqueles que tiveram uma infecção anterior e naqueles que foram vacinados e ainda mais nos que não completaram o esquema vacinal”, informou o relatório.

Imunidade protege por um tempo

Vale dizer que essa reinfecção é mais difícil de ocorrer nos meses seguintes após a recuperação porque os anticorpos ainda estão mais resistentes no organismo. Isso é o que os cientistas já observaram com as cepas anteriores.

 Após a recuperação, organismo ainda possui alta carga de anticorpos que evita uma reinfecção
 Após a recuperação, organismo ainda possui alta carga de anticorpos que evita uma reinfecção - Rafmaster/istock

O tempo que essa proteção vai durar não é possível determinar ao certo, isso pode depender – entre muitos fatores – da resposta imune individual.

Também conta a imunidade híbrida, que é quando a pessoa possui os anticorpos gerados pela própria doença e também pelas doses das vacinas.