Creatina pode ajudar contra a depressão, e não apenas a fortalecer os músculos
Embora os resultados sejam promissores, a creatina deve ser vista apenas como um possível complemento ao tratamento tradicional da depressão
A creatina é um dos suplementos mais populares entre praticantes de atividades físicas, especialmente para quem busca aumentar a força, a massa muscular e o desempenho atlético. Mas nos últimos anos, a creatina tem ganhado destaque também em outra área: a saúde mental. Pesquisadores vêm estudando seus possíveis efeitos sobre o humor, o foco e até mesmo a depressão.
O que é a creatina?
A creatina é uma substância naturalmente produzida pelo corpo – principalmente no fígado, rins e pâncreas – e também encontrada em alimentos como carne vermelha e peixes. No mundo dos suplementos, ela é amplamente comercializada em pó e usada principalmente para melhorar o desempenho em treinos de alta intensidade.
A função mais conhecida da creatina é ajudar os músculos a gerar energia rápida durante esforços físicos. No entanto, o cérebro também utiliza creatina para suas atividades metabólicas, o que abre espaço para investigações sobre seu impacto na saúde mental.

A creatina e o cérebro: qual a conexão?
Estudos sugerem que a creatina pode melhorar o metabolismo energético cerebral – um fator importante, já que níveis reduzidos de energia no cérebro estão associados à depressão. Isso levou cientistas a explorar o suplemento como um possível coadjuvante no tratamento de transtornos depressivos, especialmente em casos de depressão resistente.
Descobriu-se que a creatina pode estabilizar neurotransmissores e potencializar a resposta a antidepressivos, especialmente aumentando os níveis de fosfocreatina no cérebro. Essa substância contribui para a manutenção do equilíbrio energético cerebral, fundamental para o funcionamento adequado das emoções e da cognição.
Evidências científicas promissoras
Um estudo de 2012 publicado no American Journal of Psychiatry, liderado pelo Dr. In Kyoon Lyoo, revelou resultados animadores. Mulheres com depressão que combinaram creatina (4 a 5 g por dia) com um antidepressivo do tipo ISRS (inibidor seletivo da recaptação de serotonina) apresentaram redução de 32% nos sintomas depressivos, em comparação com apenas 3% no grupo placebo.

O suplemento foi bem tolerado pela maioria dos participantes, com efeitos colaterais leves, como inchaço ou desconforto estomacal – semelhantes aos que podem ocorrer em quem usa creatina para fins esportivos.
Suplemento barato e acessível, mas com cautela
Outro ponto positivo é que a creatina é acessível, não exige receita médica e está amplamente disponível no mercado. Ainda assim, especialistas alertam que ela não deve ser usada como substituta de tratamentos convencionais para a depressão.
A suplementação deve ser sempre avaliada por um profissional de saúde, especialmente para pessoas que já fazem uso de medicamentos, têm condições de saúde específicas ou apresentam histórico de distúrbios psiquiátricos.
Se você pensa em usar creatina para melhorar a saúde mental, converse com seu médico ou terapeuta. A combinação de atividade física, boa alimentação, acompanhamento psicológico e, quando necessário, suplementação adequada pode ser uma poderosa aliada na busca por bem-estar físico e emocional.