Em vídeo, criança com déficit de atenção diz como se sente

10/07/2017 14:54 / Atualizado em 04/05/2020 18:00

*Com informações do nosso parceiro Toda Criança Pode Aprender

O chamado “transtorno de déficit de atenção”, conhecido como TDAH, é um termo que vem da Psiquiatria moderna para designar algo que podemos notar não só nas crianças, mas em todos nós: estamos cada vez mais desatentos, e manter o foco em uma única atividade está cada vez mais difícil.

Segundo a medicina ocidental, o TDAH é caracterizado por uma série de sintomas, como inquietude e impulsividade. O diagnóstico comumente é feito na infância, e pode acompanhar o sujeito até a vida adulta. Porém, mais do que lidar com os sintomas, é preciso refletir sobre o porquê disso. Quais os estímulos externos da sociedade que impactam no grau de dispersão de crianças e adultos?

Para o filósofo alemão Christopfh Türcke, autor do livro “Hiperativos! Abaixo à cultura do déficit de atenção“, a criança não pode ser analisada como um elemento isolado, e sim como parte da cultura estabelecida historicamente.

“Crianças diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção (TDAH) e hiperatividade não são uma exceção, doentes que contrastam com um ambiente saudável e tranquilo, mas sim as vítimas mais vulneráveis que apresentam, em seu comportamento, uma caricatura do mundo adulto”, explica o pesquisador – clique aqui para ler na íntegra a entrevista com o pesquisador.

O que muda na vida dos pequenos depois que recebem o diagnóstico, e como os rótulos que ele acarreta impactam a maneira como as crianças percebem a si mesmas?
O que muda na vida dos pequenos depois que recebem o diagnóstico, e como os rótulos que ele acarreta impactam a maneira como as crianças percebem a si mesmas?

No entanto, além de todos esses aspectos, é fundamental considerar também como as próprias crianças vivenciam o transtorno. O vídeo abaixo, publicado em um post especial sobre o assunto do nosso parceiro Toda Criança Pode Aprender, apresenta um experimento fácil de reproduzir nas escolas ou em casa, e parte de um princípio tão simples quanto importante: a escuta. Afinal, o que muda na vida dos pequenos depois que recebem o diagnóstico, e como ele impacta em sua autopercepção e no rendimento escolar?

“Vale, portanto, refletir: até que ponto estamos cuidando dessas crianças se olhamos para elas apenas com foco em suas patologias? Quanto esse diagnóstico ajuda em seu tratamento? Será que seus sintomas de fato compõem uma alteração neuronal ou refletem um modo de funcionamento da nossa sociedade que, para além do seu ritmo, tem ainda uma dificuldade em aceitar as diferentes formas de se comportar dentro dela?”, questiona o texto.

Clique aqui para ler a publicação na íntegra.

O excesso de estímulos recebido na infância tem influência considerável na capacidade de concentração das crianças.
O excesso de estímulos recebido na infância tem influência considerável na capacidade de concentração das crianças.

No vídeo, que propõe as mesmas perguntas a duas crianças de seis anos da mesma série escolar – uma diagnosticada com transtorno de déficit de atenção, e outra considerada típica -, é possível notar algumas sutilezas da questão. O rótulo de “hiperativo”, por exemplo, pode afetar diretamente na maneira como a criança recebe elogios ao seu desempenho em determinada tarefa. Além disso, o fato de ter alguma diferença em relação aos colegas dificulta na hora de fazer amizade e construir vínculos afetivos com outras crianças.

Enquanto o menino considerado típico dá respostas assertivas e seguras sobre ter muitos amigos, ser convidado para festinhas, gostar da escola e sentir-se bonito, a menina que recebeu o diagnóstico escolhe apenas respostas evasivas e vagas, como “eu não sei”. Ao ser questionada se sente orgulho de si mesma quando recebe elogios ou tira um “A”, por exemplo, ela diz “eu me sinto normal”. Em todas as suas falas, fica evidente sua introspecção e insegurança.

Em um certo momento, as crianças são questionadas sobre o que as pessoas que não receberam o diagnóstico podem fazer para contribuir, e a resposta é de grande valia para os educadores, cuidadores, pais e mães levarem para suas rotinas. O resultado revela principalmente o caráter nocivo do hiperestímulo na infância:

– Por que você não gosta da escola?
– Porque eles dão um monte de coisas para fazer, e minha irmã menor é muito fofa, eu preciso de tempo para brincar com ela.

– Como podemos ajudar?
– Dizendo que qualquer coisa que as crianças com TDAH fazem está certa porque elas estão tentando fazer o melhor.

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