Descoberto remédio para dormir que pode combater a doença de Alzheimer
Em um estudo, um medicamento chamado Belsomra (suvorexant), aprovado para tratar insônia, reduziu os níveis de proteínas cerebrais associadas à doença
Um estudo da Universidade de Washington, nos EUA, encontrou algumas evidências de que remédio para dormir pode ajudar a combater o Alzheimer.
O medicamento agiu no cérebro dos participantes do estudo reduzindo o acúmulo de toxinas típicas do Alzheimer.
O artigo foi publicado na revista Annals of Neurology, mas o estudo contou com poucos participantes e apenas dois dias de uso do medicamento. Os resultados devem ser confirmados em estudos maiores.
- Novo medicamento reduz forma genética do colesterol alto em até 86%
- Doença cardíaca pode se manifestar pela manhã; saiba como
- Doença cardíaca pode ter sinal emitido na hora de dormir
- Este sintoma incomum ao dormir pode indicar doença cardíaca séria
O que ocorre no cérebro com Alzheimer?
A ciência hoje em dia sabe que o Alzheimer se inicia com o acúmulo de placas da proteína beta-amiloide no cérebro. Após anos deste acúmulo, uma segunda proteína cerebral, a tau, também se desenvolve e forma emaranhados tóxicos para os neurônios.
Quando os emaranhados de tau se tornam detectáveis, o paciente já apresenta sintomas da doença, como perda de memória.
Ainda não existe cura para a demência, mas a medicina trabalha no retardo dos sintomas e na prevenção — o que inclui boas noites de sono.
Detalhes do experimento
O estudo americano envolveu 38 participantes saudáveis, com idades entre 45 e 65 anos — todos considerados novos para desenvolverem a doença de Alzheimer.
Os pesquisadores dividiram estes indivíduos em três grupos: alta dosagem de suvorexant, baixa dosagem e nenhuma (placebo). Todos tomaram a medicação por duas noites seguidas.
Segundo os autores do estudo, os níveis da proteína beta-amiloide caíram de 10% a 20% no líquido cefalorraquidiano nos voluntários que receberam a dose mais alta de suvorexant em comparação com pessoas que receberam placebo.
Uma dose maior do remédio também reduziu os níveis de uma forma de tau que se configura em emaranhados que geram morte celular. No entanto, a concentração voltou a aumentar após 24 horas da ingestão.
Agora, a questão é entender o quão duradouro este efeito de limpeza pode ser no cérebro.
Os autores da pesquisa destacam que ainda é prematuro interpretar o estudo como um motivo para começar a tomar suvorexant todas as noites.
“Ainda não sabemos se o uso prolongado é eficaz para evitar o declínio cognitivo e, se for, em que dose e para quem”, afirma Brendan Lucey, um dos autores do estudo, em comunicado.
O que explica o efeito positivo do medicamento para insônia no Alzheimer?
O efeito pode estar conectado com a importância do sono restaurador para o sistema nervoso.
Durante o sono profundo, o cérebro limpa os resíduos tóxicos de maneira mais eficaz. Se não há um sono de qualidade, essa limpeza fica comprometida.
Além disso, noites mal dormidas aumentam a inflamação e o estresse oxidativo, que podem acelerar o declínio cognitivo. O ciclo contínuo de sono insuficiente pode, assim, contribuir para a progressão da doença de Alzheimer.