Doença inflamatória pélvica (DIP) pode causar câncer?

A condição pode causar dores e várias outras complicações, mas o tratamento é eficaz e deve começar o quanto antes

07/03/2023 07:40

Corrimento vaginal associado à dor na parte inferior do abdômen não é normal. Geralmente essa dupla de sintomas está associada à doença inflamatória pélvica (DIP), uma infecção que acomete os órgãos reprodutores femininos superiores, que incluem colo do útero, útero, trompas de Falópio e ovários.

Geralmente, a doença se manifesta em decorrência de uma infecção sexualmente transmissível, como a gonorreia e a clamídia, transmitida através da relação sexual desprotegida.

Doença inflamatória pélvica
Doença inflamatória pélvica - Sewcream/istock

Essas bactérias geralmente se disseminam da vagina para o colo do útero, onde elas causam infecção. Quando essas bactérias conseguem vencer as barreiras do colo útero e se espalhar para cima, acontece a doença inflamatória pélvica.

Mas, afinal, a doença inflamatória pélvica pode causar câncer?

Alguns estudo sugerem que a doença inflamatória pélvica (DIP) é capaz de aumentar o risco de câncer de ovário até dentro de um ano após a infecção, mas são poucos os estudos e com resultados vagos.

O que se sabe é que a DIP pode causar outras complicações, como o bloqueio das trompas de Falópio, peritonite (uma infecção abdominal séria), síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (uma infecção séria dos tecidos ao redor do fígado), abscesso e gravidez ectópica, que é quando o óvulo fertilizado é implantado fora do útero.

A DIP pode causar infertilidade?

Há possibilidade da DIP causar infertilidade e danos permanentes nos órgãos reprodutivos da mulher. O risco está associado à gravidade da doença.

Quem tem mais risco de ter DIP?

A DIP pode ocorrer em qualquer idade em mulheres sexualmente ativas, sendo mais comum entre as mais jovens. Além disso, as mulheres com os seguintes fatores de risco também são mais propensas a ter DIP:

  • Infecção sexualmente transmissível, mais frequentemente gonorreia ou clamídia
  • Múltiplos parceiros sexuais (quanto mais parceiros, maior o risco)
  • Um parceiro sexual que faz sexo com outras pessoas
  • DIP anterior

Ainda há pesquisas que sugerem que as mulheres que fazem duchas com frequência correm maior risco de DIP, porque esse hábito pode facilitar o crescimento das bactérias que causam a doença. Também pode empurrar a bactéria da vagina para o útero e as trompas de falópio. Por esta e outras razões, a ducha não é recomendada.

Sinais e sintomas da DIP

Os sinais e sintomas da doença inflamatória pélvica podem ser sutis ou leves. Além da dor pélvica, outros sinais e sintomas de DIP incluem:

  • Corrimento vaginal incomum ou intenso que pode ter um odor desagradável
  • Sangramento incomum da vagina, especialmente durante ou após o sexo, ou entre os períodos
  • Dor durante o sexo
  • Febre, às vezes com calafrios
  • Micção dolorosa, frequente ou difícil

A recomendação é consultar um médico na presença desses sintomas. Mas vale dizer que algumas mulheres não apresentam quaisquer sinais ou sintomas.

Como é feito o diagnóstico

Não existe um teste específico para  diagnosticar com precisão a doença inflamatória pélvica. Mas o médico se baseia nos sintomas, no histórico de infecções sexualmente transmissíveis e sensibilidade e inchaço na região pélvica.

Além disso, pode colher amostras de fluidos da vagina e colo do útero para testar se há sinais de infecção e organismos como gonorreia e clamídia.

Se o diagnóstico ainda não estiver claro, pode ser necessário a realização de exames adicionais, como a laparoscopia e a biópsia endometrial.

Tratamento

O tratamento para a doença inflamatória pélvica deve começar o quanto antes, a fim de evitar possíveis complicações. Consiste em uso de antibiótico de largo espectro por 14 dias. Para o tratamento sintomático, podem ser usados anti-inflamatórios e analgésicos.