Entenda as consequências de beber antes e durante a gravidez

Estudo realizado na Holanda adverte sobre o uso do álcool não apenas durante, mas antes da gravidez

Entenda por que, de acordo com estudo holandês, beber antes e durante a gravidez pode impactar diretamente o bebê – iStock/Getty
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Entenda por que, de acordo com estudo holandês, beber antes e durante a gravidez pode impactar diretamente o bebê – iStock/Getty

Estudo realizado por pesquisadores holandeses revela que a quantidade de bebida alcoólica que uma mãe bebe antes e durante a gravidez pode determinar o formato do rosto de seu filho. 

Publicado na revista científica britânica Human Reproduction, o levantamento mostra que, mulheres grávidas que tomam apenas uma taça média de vinho (175ml) ou 1 garrafa de cerveja por semana, podem afetar a aparência futura de seus filhos.

Por que não beber antes ou durante a gravidez? 

Durante o estudo, os autores desenvolveram um algoritmo de inteligência artificial com escaneamento 3D cuja função era detectar as alterações. Esse sistema identificou, principalmente, alterações que incluíam ponta do nariz arrebitado e encurtado, queixo avantajado para frente e pálpebra inferior virada para dentro.

“Encontramos uma associação estatisticamente significativa entre a exposição pré-natal ao álcool e o formato do rosto nas crianças de nove anos. Quanto mais álcool as mães bebiam, mais mudanças havia. Entre o grupo que bebeu na gravidez, verificamos que, mesmo que as mães tenham bebido muito pouco, menos de 12 g por semana, pode-se observar a associação entre a exposição à bebida e a estética facial” destaca o cientista Xianjing Liu.

Ainda de acordo com os resultados, essas mudanças foram analisadas quando as crianças já estavam com nove e 13 anos de idade. No estudo, havia pouco mais de 3.000 imagens de crianças de nove anos e quase 2.500 imagens de participantes de 13 anos.

Os pesquisadores acrescentam que as novas descobertas são esclarecedoras, pois o formato do rosto de uma criança pode ser considerado um “espelho da saúde” dela, indicando de problemas de saúde a desenvolvimento.

Ao beber durante a gravidez, a criança pode ficar com transtorno do espectro alcoólico fetal. Esta é uma combinação de déficits de desenvolvimento, comprometimento neurológico e desenvolvimento facial reconhecidamente anormal.

Crianças mais novas sofrem mais efeitos

Há maior associação entre o consumo de álcool e formato facial foi amenizada nas crianças mais velhas, apontam os pesquisadores envolvidos. 

“É possível que, à medida que a criança envelhece e experimenta outros fatores ambientais, essas mudanças diminuam ou sejam obscurecidas pelos padrões normais de crescimento. Mas isso não significa que o efeito do álcool na saúde também desaparecerá”, disse o professor Gennady Roshchupkin, um dos autores do estudo.

“Portanto, é crucial enfatizar que não há nível seguro estabelecido de consumo de álcool durante a gravidez e que é aconselhável parar de beber álcool mesmo antes da concepção para garantir resultados de saúde ideais para a mãe e o feto em desenvolvimento”, completou.

As evidências levaram os cientistas a concluir que mulheres que desejam engravidar em breve devem interromper o consumo de álcool vários meses antes da concepção, e parar completamente durante a gravidez para evitar efeitos adversos no bebê.