Entenda o que é a hepatite A que preocupa após enchentes no RS

Conhecida como hepatite infecciosa, a doença tem transmissão fecal-oral e pode também estar presente em casos de aglomeração sem higiene

Preocupações do pós-enchente são com as doenças, como hepatite A, E e leptospirose
Créditos: Gustavo Mansur/Palácio Piratini
Preocupações do pós-enchente são com as doenças, como hepatite A, E e leptospirose

As recentes enchentes no Rio Grande do Sul aumentaram a preocupação com a situação sanitária. Pessoas que enfrentaram as cheias, ficando horas em contato com a água contaminada, estão mais vulneráveis a doenças infectocontagiosas, como a hepatite A.

Durante enchentes, os casos das hepatite virais podem aumentar em mais de 100%, de acordo com um estudo do Instituto Federal do Acre publicado em 2018.

Assim como a leptospirose, a hepatite A é uma das condições apontadas como as mais prevalentes no pós-cheia.

E conforme alerta do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), essas doenças ainda estão em período de incubação.

Como ocorre a transmissão de hepatite A?

A transmissão da hepatite A ocorre principalmente através da via fecal-oral. Isso significa que o vírus é transmitido quando uma pessoa ingere alimentos ou água contaminados com fezes de uma pessoa infectada.

Essa forma de transmissão é comum em áreas com saneamento básico inadequado e onde as práticas de higiene são deficientes. 

É importante saber que a hepatite A é causada pelo vírus da hepatite A (HAV), que é altamente resistente e pode sobreviver em ambientes externos por longos períodos.

A contaminação de alimentos e água geralmente ocorre quando pessoas infectadas manipulam alimentos sem lavar adequadamente as mãos após usarem o banheiro.

A hepatite A é uma infecção viral que afeta o fígado, causada pelo vírus da hepatite A (HAV)
Créditos: katerynakon/Deposit Photos
A hepatite A é uma infecção viral que afeta o fígado, causada pelo vírus da hepatite A (HAV)

Além disso, o consumo de água contaminada é uma via comum de transmissão em locais onde o tratamento de água não é eficaz ou onde há falta de acesso a água potável segura.

Além das vias diretas de ingestão de alimentos e água contaminados, a transmissão também pode ocorrer através do contato direto com uma pessoa infectada. Isso é especialmente relevante em situações de abrigo, onde as práticas de higiene podem ser insuficientes.

Qual o período de incubação?

O período de incubação da hepatite A, que é o tempo entre a exposição ao vírus e o aparecimento dos sintomas, geralmente varia de 15 a 50 dias.

Em média, os sintomas começam a aparecer cerca de 28 a 30 dias após a infecção inicial.

Durante este período, o vírus se multiplica no corpo, especialmente no fígado, sem causar sintomas aparentes, mas a pessoa infectada já pode ser contagiosa para os outros.

Sintomas da hepatite A

  • febre;
  • pele amarelada (icterícia);
  • diarreia;
  • náuseas;
  • vômitos;
  • dor abdominal.

No entanto, em alguns casos, a doença pode ser assintomática, principalmente em crianças, devendo haver confirmação por meio de exames de sangue específicos após a suspeita clínica. 

Como prevenir hepatite A?

  • Consumir alimentos bem cozidos e evitar comer alimentos crus ou mal cozidos, especialmente frutos do mar.
  • Beber água engarrafada ou tratada em áreas onde a qualidade da água é questionável.
  • Lavar frutas e vegetais com água potável e descascá-los, se possível.
  • Manter uma boa higiene na preparação de alimentos, como lavar bem as mãos, utensílios e superfícies de preparo de alimentos.
  • Evitar o consumo de alimentos vendidos por vendedores ambulantes em áreas onde a hepatite A é comum, a menos que você tenha certeza das práticas de higiene.
  • Lavar as mãos regularmente com água e sabão, especialmente após usar o banheiro, trocar fraldas e antes de preparar ou consumir alimentos.

Além disso, existe vacina contra a hepatite A. O Programa Nacional de Imunizações do SUS indica em dose única no calendário de rotina para crianças a partir de 1 ano e 3 meses.

A vacina para adultos não é disponibilizada de forma universal. No entanto, a estratégia vacinal para administração pós-exposição em pessoas abrigadas foi ampliada.

As orientações especiais para essa vacinação no Rio Grande do Sul durante esse período consideram como público-alvo adultos e crianças acima de 10 anos, priorizando:

  •  Gestantes abrigadas 
  • Bloqueio vacinal em caso de surto: aplicar a vacina naqueles que tiveram contato com caso confirmado até 14 dias após o contato
  • Algumas condições clínicas especiais, como hepatopatias crônicas.