Entenda o que é a hepatite A que preocupa após enchentes no RS
Conhecida como hepatite infecciosa, a doença tem transmissão fecal-oral e pode também estar presente em casos de aglomeração sem higiene
As recentes enchentes no Rio Grande do Sul aumentaram a preocupação com a situação sanitária. Pessoas que enfrentaram as cheias, ficando horas em contato com a água contaminada, estão mais vulneráveis a doenças infectocontagiosas, como a hepatite A.
Durante enchentes, os casos das hepatite virais podem aumentar em mais de 100%, de acordo com um estudo do Instituto Federal do Acre publicado em 2018.
Assim como a leptospirose, a hepatite A é uma das condições apontadas como as mais prevalentes no pós-cheia.
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E conforme alerta do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), essas doenças ainda estão em período de incubação.
Como ocorre a transmissão de hepatite A?
A transmissão da hepatite A ocorre principalmente através da via fecal-oral. Isso significa que o vírus é transmitido quando uma pessoa ingere alimentos ou água contaminados com fezes de uma pessoa infectada.
Essa forma de transmissão é comum em áreas com saneamento básico inadequado e onde as práticas de higiene são deficientes.
É importante saber que a hepatite A é causada pelo vírus da hepatite A (HAV), que é altamente resistente e pode sobreviver em ambientes externos por longos períodos.
A contaminação de alimentos e água geralmente ocorre quando pessoas infectadas manipulam alimentos sem lavar adequadamente as mãos após usarem o banheiro.
Além disso, o consumo de água contaminada é uma via comum de transmissão em locais onde o tratamento de água não é eficaz ou onde há falta de acesso a água potável segura.
Além das vias diretas de ingestão de alimentos e água contaminados, a transmissão também pode ocorrer através do contato direto com uma pessoa infectada. Isso é especialmente relevante em situações de abrigo, onde as práticas de higiene podem ser insuficientes.
Qual o período de incubação?
O período de incubação da hepatite A, que é o tempo entre a exposição ao vírus e o aparecimento dos sintomas, geralmente varia de 15 a 50 dias.
Em média, os sintomas começam a aparecer cerca de 28 a 30 dias após a infecção inicial.
Durante este período, o vírus se multiplica no corpo, especialmente no fígado, sem causar sintomas aparentes, mas a pessoa infectada já pode ser contagiosa para os outros.
Sintomas da hepatite A
- febre;
- pele amarelada (icterícia);
- diarreia;
- náuseas;
- vômitos;
- dor abdominal.
No entanto, em alguns casos, a doença pode ser assintomática, principalmente em crianças, devendo haver confirmação por meio de exames de sangue específicos após a suspeita clínica.
Como prevenir hepatite A?
- Consumir alimentos bem cozidos e evitar comer alimentos crus ou mal cozidos, especialmente frutos do mar.
- Beber água engarrafada ou tratada em áreas onde a qualidade da água é questionável.
- Lavar frutas e vegetais com água potável e descascá-los, se possível.
- Manter uma boa higiene na preparação de alimentos, como lavar bem as mãos, utensílios e superfícies de preparo de alimentos.
- Evitar o consumo de alimentos vendidos por vendedores ambulantes em áreas onde a hepatite A é comum, a menos que você tenha certeza das práticas de higiene.
- Lavar as mãos regularmente com água e sabão, especialmente após usar o banheiro, trocar fraldas e antes de preparar ou consumir alimentos.
Além disso, existe vacina contra a hepatite A. O Programa Nacional de Imunizações do SUS indica em dose única no calendário de rotina para crianças a partir de 1 ano e 3 meses.
A vacina para adultos não é disponibilizada de forma universal. No entanto, a estratégia vacinal para administração pós-exposição em pessoas abrigadas foi ampliada.
As orientações especiais para essa vacinação no Rio Grande do Sul durante esse período consideram como público-alvo adultos e crianças acima de 10 anos, priorizando:
- Gestantes abrigadas
- Bloqueio vacinal em caso de surto: aplicar a vacina naqueles que tiveram contato com caso confirmado até 14 dias após o contato
- Algumas condições clínicas especiais, como hepatopatias crônicas.