Entenda por que beber água de garrafas plásticas aumenta sua pressão arterial

Uma pesquisa recente está trazendo à tona o impacto dos microplásticos em nossa saúde

17/09/2024 05:01

Objetos de plástico são bastante onipresentes, cumprindo várias funções; das sacolas que enchemos com compras de mercado às garrafas de água que usamos para manter nossa hidratação. Mas sabia que estes últimos itens podem ser responsáveis por aumentar nossa pressão arterial?

Um estudo de equipe do Departamento de Medicina da Universidade Privada do Danúbio, na Áustria, descobriu que o hábito comum de beber água em garrafas plásticas pode contribuir para o problema de saúde.

Os pesquisadores publicaram o resultado do estudo na revista Microplastics, em 26 de julho.

O que parece ser um hábito inofensivo pode, na verdade, expor nosso corpo a ameaças invisíveis: os microplásticos.

Essas partículas minúsculas, que se desprendem das garrafas plásticas, têm a capacidade de entrar na corrente sanguínea, e o resultado pode ser um aumento significativo nos níveis de pressão arterial.

Estudo sugere que beber água de garrafas plásticas pode aumentar a pressão arterial
Estudo sugere que beber água de garrafas plásticas pode aumentar a pressão arterial - istock

O perigo vai além das garrafas  plásticas

Engana-se quem pensa que apenas as garrafas de plástico estão envolvidas. O estudo revelou que os microplásticos também foram encontrados em garrafas de vidro, o que surpreendeu os pesquisadores. Isso sugere que, independentemente do tipo de recipiente usado, o contato com essas partículas é praticamente inevitável.

Ainda assim, o estudo observou algo interessante: os participantes que pararam de beber em garrafas de vidro e plástico e passaram a consumir água diretamente da torneira apresentaram uma redução nos níveis de pressão arterial.

Essa descoberta abre espaço para reflexões importantes sobre a nossa exposição diária aos microplásticos.

Ameaças indiretas, mas reais

A pressão arterial elevada, ou hipertensão, é um dos principais fatores de risco para doenças cardíacas, uma das causas mais comuns de morte no mundo.

Embora os microplásticos ainda não sejam amplamente reconhecidos como responsáveis diretos por esses problemas, suas implicações não devem ser subestimadas.

A presença dessas partículas em nosso corpo pode estar causando impactos indiretos e silenciosos na nossa saúde, especialmente em relação ao sistema cardiovascular.

O que são microplásticos?

Os microplásticos são pequenas partículas de plástico, geralmente com menos de 5 mm, que se originam de uma variedade de fontes. Isso inclui a decomposição de objetos maiores, como garrafas e sacolas plásticas, e até o desgaste de pneus de veículos e roupas sintéticas.

Esses fragmentos estão presentes no ar, na água e nos alimentos que consumimos, tornando a exposição praticamente inevitável.

O estudo revelou que essas partículas estão entrando em nosso corpo por meio da ingestão e inalação. Além disso, já foram detectadas em nosso sangue, órgãos e até mesmo em placentas de bebês, levantando preocupações sobre os possíveis riscos à saúde a longo prazo.

Efeitos dos microplásticos na saúde humana

Embora os efeitos completos dos microplásticos na saúde humana ainda estejam sendo investigados, há sinais de alerta que não podem ser ignorados.

Estudos preliminares sugerem que essas partículas podem desencadear inflamações, interferir nos hormônios e causar outros problemas de saúde.

Inflamação: os microplásticos podem irritar tecidos e células, levando a respostas inflamatórias no corpo, o que é um fator de risco para diversas doenças crônicas.

Interrupção hormonal: há evidências de que alguns tipos de plástico, especialmente aqueles que contêm substâncias químicas como o BPA (bisfenol A), podem imitar hormônios naturais, causando desequilíbrios no sistema endócrino. Isso pode afetar desde o metabolismo até a fertilidade.

Outras complicações: ainda não se sabe completamente o impacto a longo prazo da exposição contínua aos microplásticos. No entanto, o fato de essas partículas já terem sido encontradas em áreas tão sensíveis do corpo, como a corrente sanguínea e a placenta, é motivo de preocupação.