Entenda por que show com 5 mil pessoas terminou com só 6 infectados

O evento fez parte de estudo e apresentou resultados muito encorajadores

Um show-teste em Barcelona, na Espanha, deu pistas de como pode ser a volta dos eventos culturais no mundo durante a pandemia da covid-19. O evento realizado no dia 27 de março reuniu um público de quase 5 mil pessoas e, passados 15 dias do experimento, apenas 6 participantes testaram positivo para a doença causada pelo novo coronavírus.

De acordo com os autores do estudo, essa incidência foi menor do que a observada na população em geral de Barcelona no mesmo dia.

E tem mais! Entre as seis pessoas com teste positivo após o evento, quatro foram infectadas em outro lugar, e não no show, segundo concluíram os pesquisadores da Fundação de Combate à Aids e Doenças Infecciosas e do Hospital Universitário Germans Trias i Pujol.

“Não há indícios de que a transmissão [do coronavírus] tenha ocorrido durante o evento, que foi o objetivo deste estudo”, disse o Dr. Josep Maria Llibre, do Hospital Universitário Germans Trias i Pujol, durante uma coletiva de imprensa.

Mas como isso foi possível?

Para entender, precisamos nos ater a três pontos importantíssimos:

1) TODOS os participantes usavam máscara PFF2 durante todo o evento;

2) Eles não precisaram manter distanciamento entre eles;

3) Os participantes foram testados antes do evento, mas não necessariamente depois.

Show-teste com 5 mil pessoas termina com apenas 6 infectados pela covid-19
Créditos: reprodução/Twitter
Show-teste com 5 mil pessoas termina com apenas 6 infectados pela covid-19

Destrinchando os fatos:

Máscara

Você já deve ter ouvido ultimamente cientistas defenderem o uso da máscara PFF2, aquela de uso profissional.

De fato, ela oferece um grau maior de proteção contra o coronavírus porque possui um sistema de filtragem que retém as partículas contaminadas. Por isso, é indicada para ambientes fechados com pouca ventilação.

No evento-teste, além de todas as 4.592 pessoas usarem a proteção, os organizadores seguiram um protocolo rígido de prevenção, como medição de temperatura, disponibilização de álcool gel para o público e controle da ventilação em ambientes críticos, como banheiros, por exemplo.

Distanciamento

Como a ideia era reproduzir um ambiente real de show, os participantes ficaram aglomerados. O local do evento foi ​​dividido em três setores, cada um com vias de acesso e saída. A única regra era não mudar de setor.

Testes de covid-19

No dia do show, todos os participantes tiveram que se submeter a um teste de antígeno, que detecta a presença do novo coronavírus. O resultado sai em 15 minutos e esse exame é mais simples que o PCR, que é considerado o padrão-ouro.

Só foram autorizadas a entrar no local do evento as pessoas que testaram negativo.

Os participantes não foram necessariamente testados depois do show. Os seis casos positivos detectados oficialmente entre os quase 5.000 espectadores duas semanas após o concerto estavam no quadro das habituais verificações do sistema de saúde e eram assintomáticos.

Isso quer dizer que é possível que tenham outros casos assintomáticos que não foram detectados por justamente não apresentarem sintomas.

Apesar disso, os organizadores, asseguraram que o objetivo do experimento foi alcançado: mostrar que shows são possíveis de serem realizados com segurança durante a pandemia, sem resultar em uma supertransmissão.

Máscara salva!

A máscara PFF2, usada no experimento de Barcelona, tem se tornado cada vez mais popular. Com aumento da produção, agora está mais fácil encontrá-la à venda.

No Brasil, seu uso ainda é tímido, mas em alguns países, como a Alemanha, França e Áustria, o uso desse modelo passou a ser exigido em ambientes púbicos. Se ainda tem dúvidas, leia no link abaixo tudo o que você precisa saber sobre a PFF2: