Especialistas alertam contra ervas abortivas divulgadas no TikTok
Informações perigosas estão surgindo nas redes sociais sobre métodos fitoterápicos usados para causar abortos
Desde que a Suprema Corte dos EUA derrubou a decisão que garantia o direito ao aborto legal no país, inúmeros produtores de conteúdo norte-americanos começaram a publicar receitas com ervas abortivas no TikTok.
Poejo, artemísia, e cohosh azul foram alguns dos ingredientes que os usuários compartilharam alegando que induziriam a menstruação e causariam aborto espontâneo.
Porém, de acordo com especialistas médicos e herbalistas, os abortivos à base de plantas podem ser perigosos e não há dados sobre se eles funcionam.
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Depois de ver a disseminação dessas receitas online, a médica de saúde da mulher, parteira e fitoterapeuta Dra. Aviva Romm postou um vídeo no Instagram pedindo a seus seguidores que não “escutem o que ouvem no TikTok”.
“Em 40 anos praticando fitoterapia, nunca recomendei e continuarei a não recomendar ervas como método de interrupção da gravidez”, disse a médica, que escreveu o livro “Medicina Botânica para a Saúde da Mulher”.
Segundo ela, além de não ser seguras e não existirem dados que provem que realmente funcionam, as doses das ervas que uma pessoa teria que tomar para possivelmente ser eficaz são tão altas que quase sempre são tóxicas para a grávida e para o feto.
“Riscos graves incluem neurotoxicidade, danos nos rins ou fígado e até mesmo a morte”, descreveu a médica.
“Apesar do que você pode ouvir no IG, TikTok, histórias em que alguém fez um aborto com ervas e deu certo, ou até mesmo recomendações de parteiras ou herboristas, saiba que eu sou a autora do único livro de ervas para mulheres, sou médica e fitoterapeuta x 40 anos combinados, fui presidente da maior organização profissional de ervas por uma década e não posso exagerar que é importante que, quando se trata de interrupção segura da gravidez, eu recomendo usar apenas medicamentos/opções médicas”, completou.
A ginecologista Dra. Jen Gunter, autora de vários livros, incluindo “The Vagina Bible”, disse ao The New York Times que o uso histórico de uma substância não deve ser confundido com evidências de segurança ou eficácia. Segundo ela, seguir métodos de aborto datados é semelhante ao uso de tecnologia desatualizada.
“Usar esse tipo de informação de milhares de anos atrás não é diferente de pegar um mapa de quando as pessoas acreditavam que a Terra era plana e que tínhamos monstros marinhos e usá-lo para traçar rotas de navegação modernas”, afirmou.