Esta bactéria pode causar câncer no estômago

Infecção por H. pylori pode ser silenciosa, mas seus efeitos são graves; conheça os sintomas e tratamentos!

Por Wallace Leray em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
14/12/2024 10:02 / Atualizado em 19/12/2024 20:20

Quando pensamos nas causas do câncer, normalmente associamos a doença a fatores genéticos ou ao estilo de vida. No entanto, algumas infecções bacterianas e virais também podem desencadear a condição.

A bactéria Helicobacter pylori, conhecida como H. pylori, é um exemplo notável, sendo associada a casos de câncer no estômago.

Segundo a American Association for Cancer Research, cerca de 13% dos casos de câncer no mundo, ou 2,2 milhões, estão relacionados a infecções. Entre os patógenos envolvidos, destacam-se o H. pylori, os vírus da hepatite B e C e o papilomavírus humano (HPV), responsável por diversos casos de câncer do colo do útero.

Esta bactéria pode causar câncer no estômago
Esta bactéria pode causar câncer no estômago - Depositphotos/frenta

O que é a H. pylori?

A H. pylori é uma bactéria em forma de espiral que coloniza o revestimento do estômago. Ela é transmitida, geralmente, por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados.

Essa bactéria possui uma habilidade única de sobreviver no ambiente ácido do estômago. Isso é possível devido à produção de uma enzima chamada urease, que neutraliza o ácido gástrico, permitindo que a bactéria se estabeleça e prolifere.

Como a H. pylori está associada ao câncer?

A infecção por H. pylori pode causar diversas alterações no sistema digestivo. Ela é frequentemente associada ao desenvolvimento de úlceras gástricas ou duodenais e de gastrite crônica, que é a inflamação do revestimento do estômago.

Ao longo do tempo, essa inflamação persistente pode levar a alterações no tecido estomacal, resultando em lesões pré-cancerígenas. Em indivíduos suscetíveis, devido a fatores genéticos ou ambientais, essas alterações podem evoluir para câncer gástrico.

A American Cancer Society aponta que entre 90% e 95% dos casos de câncer de estômago são do tipo adenocarcinoma, um tumor maligno que surge nas células glandulares do estômago, frequentemente associado à infecção por H. pylori.

A bactéria H. pylori vive no revestimento do estômago e pode causar doenças graves se não tratada
A bactéria H. pylori vive no revestimento do estômago e pode causar doenças graves se não tratada - Depositphotos/[email protected]

Sintomas e diagnóstico

Nem todas as pessoas infectadas pela H. pylori apresentam sintomas. No entanto, algumas podem relatar:

  • Desconforto abdominal, especialmente após as refeições.
  • Azia persistente.
  • Vômitos ou sensação de náusea.
  • Dificuldade para engolir alimentos.
  • Perda de peso inexplicada.

O diagnóstico é realizado por meio de exames de sangue, que identificam a presença de anticorpos contra a bactéria, ou por endoscopia, que permite a visualização direta do revestimento gástrico e a coleta de amostras para biópsia.

Diagnosticar e tratar a infecção por H. pylori precocemente reduz o risco de câncer gástrico
Diagnosticar e tratar a infecção por H. pylori precocemente reduz o risco de câncer gástrico - Depositphotos/whilerests

Tratamento e prevenção

O tratamento da infecção por H. pylori combina o uso de antibióticos para erradicar a bactéria e inibidores de bomba de prótons, que reduzem a acidez estomacal, promovendo a cicatrização do tecido afetado.

É importante que o tratamento seja seguido até o final, conforme prescrição médica, para evitar o desenvolvimento de resistência bacteriana, o que dificultaria a erradicação da infecção.

A prevenção envolve boas práticas de higiene, como lavar bem os alimentos, beber água de fontes confiáveis e manter hábitos alimentares saudáveis. O controle dessa bactéria é um passo essencial na redução do risco de câncer gástrico.

Detectar e tratar a H. pylori precocemente pode salvar vidas, reduzindo complicações e os riscos associados a essa infecção silenciosa.